quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O silêncio das escolas é muito preocupante

A passividade dos parlamentares irrita, mas incomoda menos que a carimbada omissão das escolas de comunicação com habilitação em jornalismo.

Estamos falando da Proposta de Emenda Constitucional 386/09, que devolve a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista.

Telefonamos aleatoriamente para três estudantes de jornalismo da região e perguntamos se tinham informações sobre o andamento da PEC do diploma. Sim, usamos somente PEC do diploma, sem fornecer mais detalhes.

Somente um respondeu que uma página na internet relacionava os deputados federais que são favoráveis ao diploma. Consultamos também um estudante de pós-graduação na área de marketing, em fase de elaboração da monografia. Bancário, ele disse que desistiu de acompanhar tudo o que está relacionado à comunicação.

O site mencionado pelo graduando é uma iniciativa do deputado federal petista Paulo Pimenta, do Rio Grande do Sul. Ele é o autor da proposta que restabelece a necessidade do diploma de jornalismo. Recentemente o parlamentar solicitou a inclusão da PEC na pauta de votação da Câmara dos Deputados e disponibilizou em seu site uma lista com os nomes dos deputados que se manifestaram favoráveis à votação.

A PEC 386/09 foi protocolada em setembro de 2009 com 50 assinaturas de senadores. Originalmente, a Proposta de Emenda Constitucional torna o exercício da profissão "privativo do portador de diploma de curso superior de comunicação social, com habilitação em jornalismo, expedido por curso reconhecido pelo Ministério da Educação, nos termos da lei”.

Mas, na origem, acrescentava exceções.  Uma permite a presença nas redações da figura do colaborador, não diplomado em jornalismo (produz trabalho de natureza técnica, científica ou cultural, relacionado com sua especialização, para ser divulgado com o nome e qualificação do autor). Outra é para jornalistas provisionados, que obtiveram esse tipo de registro especial perante o Ministério do Trabalho.

A expectativa é de que a PEC seja votada entre outubro e novembro deste ano, conforme previsão anunciada pelo petista Marco Maia, em depoimento à Federação Nacional dos Jornalistas. Maia é o presidente da Câmara.

Quanto às escolas de comunicação com habilitação em jornalismo, resta perguntar e esperar por alguma resposta: há alguma mobilização para fortalecer o bloco dos parlamentares favoráveis ao diploma? O assunto, se não é discutido em sala de aula, ganha pelo menos atenção nos diretórios acadêmicos? Algum professor de ética do curso analisa os erros que são cometidos nos veículos de comunicação por má formação – ou ausência de formação – de alguns jornalistas?

E quanto aos cerca de 4.700 registros concedidos pelo Ministério do Trabalho a pessoas não diplomadas, desde que o STF acabou com a obrigatoriedade do diploma? Se não houver meios legais de reversão, resta-nos apostar na inteligência dos patrões: profissional formado tem a obrigação de ser um bom jornalista. Um bom jornalista evita custas judiciais porque mesmo nos temas polêmicos sabe conduzir a sua produção.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Personalidade em risco entre o oficial e o oficioso

O Jornal de Londrina escancara na edição desta terça-feira, dia 30 de agosto, manchete seca de duas linhas sobre a investigação da crise da saúde em Londrina pela Assembléia Legislativa do Paraná. A palavra CRISE é usada como chapéu. O título: “Assembléia investiga saúde em Londrina”.  A linha fina: “Deputados aprovaram por unanimidade, no final da tarde de ontem, uma Comissão Especial para investigar a gestão da saúde em Londrina. A abertura do processo foi pedida pelo deputado estadual Luiz Eduardo Cheida (PMDB) e motivada pelos diversos problemas enfrentados pelo setor, como denúncias de corrupção e ameaça de fechamento de prontos-socorros. A comissão tem 100 dias para a investigação e, ao final, pode apontar culpados e responsabilizá-los.”
É notícia, não há dúvida. Mas só merece manchete em jornal que migra entre o oficial e o oficioso. Vejam que essa Comissão Especial já é conhecida pelos londrinenses. O texto, na página 4, lembra que em maio uma comissão de deputados visitou o Hospital Universitário, “onde encontrou pacientes pelos corredores e o pronto-socorro superlotado”. No relatório final, que integrou documento da CPI dos Leitos, “apontou a desorganização do sistema e as falhas no funcionamento das centrais de leitos como os principais problemas”. E quem é que não sabia disso? O que foi feito a partir desse relatório?

A crise da saúde em Londrina está nas mãos do Ministério Público. A Câmara de Vereadores faz de conta e entre legislar em causa própria e mostrar um mínimo de serviço, cumpre timidamente o seu papel. Considera-se também as limitações da casa não apenas no aspecto legal, mas principalmente no conteúdo político e ideológico dos vereadores.

A verdade é que se faz urgente uma abordagem de mídia que cobre dos políticos atitudes, posturas e personalidades, sejam eles adversários ou aliados e vistam diferentes camisas. O político brasileiro – e o londrinense é retrato piorado – tem que assimilar o conceito de democracia e pautar o seu mandato com base em seus princípios.

Basicamente diríamos que a briga partidária dura no máximo três meses no intervalo de dois anos. Encerrada essa batalha sazonal, perdedores e ganhadores tem a obrigação de brigar em suas esferas pelo desenvolvimento de sua cidade, sua região, seu estado e seu país. Como a democracia é ignorada, a briga política ganha espaço até nas sessões da Câmara, da Assembléia Legislativa, da Câmara dos Deputados, do Senado, do gabinete do secretário, do hall de entrada da sala do prefeito, do local de cafezinho do governador e assim por diante.

Em outras palavras: não se trabalha pela coletividade. Trabalha-se pela próxima eleição. Então que se produza uma reportagem cobrando soluções para a saúde de Londrina do prefeito, vereadores, secretários estaduais, governador, deputados federais, senadores e ministros que são de Londrina. Não é com promessas para os londrinenses e a população da região que eles conseguem votos?

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Folha lava a alma com reportagem sobre professores de escolas privadas

A edição de domingo da Folha de Londrina paga uma dívida da mídia do Norte do Paraná com uma categoria de profissionais que frequenta as páginas dos jornais de relance. Exceto o título do texto-abre, que funciona como manchete, o conteúdo restante está perfeito e corajoso.
Vamos ao título: com o chapéu MESTRES EXPLORADOS, a manchete aplicada na cabeça da página, em duas linhas de cinco colunas, diz: “Falta de estrutura precariza educação”. O editor podia ter evitado o “precariza”, que entra no contexto como um palavrão que ameniza o peso de toda a matéria. O que está no texto produzido pela jornalista não apenas precariza. É muito mais: joga não só o ensino, mas também a relação de trabalho, no fundo do poço.

A reportagem é assinada pela jornalista Carolina Avansini, uma veterana da Folha. A experiência profissional da colega está no resultado final da produção: fontes, conteúdo e texto perfeitos. Mas é na coragem de mexer com um segmento complicado, as escolas particulares, que está o grande mérito da jornalista e do jornal. Claro, nesse meio entram as filantrópicas, que funcionam como espécie de vaso de descarga do poder público. Mas ainda assim o cutucão atinge alguns renomados empresários da educação.

A fonte central da reportagem é o Sindicato dos Professores das Escolas Particulares de Londrina e Norte do Paraná (Simpro). O desvio de função é o mote. E cabe reproduzir alguns trechos: “Limpar salas de aulas, lavar banheiros, pintar paredes, decorar ambientes para festas, fazer compras, vender rifas, atuar como recreadores, dar banho em crianças não matriculadas em berçários e até dormir na escola sem ganhar nada pelo trabalho extra são algumas das reclamações mais comuns...”

O termo precarização, que está na manchete, na verdade é usado pelo presidente e pelo tesoureiro da entidade sindical, Eduardo Nagao e Diogo Mendes. Ambos usam o palavrão como uma classificação técnica da situação, o que é aceitável. E daí o texto prossegue: “Atrasos freqüentes nos salários, excesso de crianças em sala e desrespeito às leis trabalhistas são outras denúncias rotineiras dessa classe de trabalhadores.”

A reportagem ouve também o chefe da fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego em Londrina, Rogério Perez Garcia Junior, e cumpre a sua função de dar voz também a quem devia trabalhar contra situações trabalhistas extremamente equivocadas. E este confirma receber denúncias. Sabe-se, porém, que entre uma denúncia e uma ação a distância é muito grande, em se tratando de um órgão público.

O conteúdo da reportagem torna-se mais consistente com os depoimentos de algumas das vítimas dessa relação de trabalho. Verdade, as professores entrevistadas são identificadas na matéria com nomes fictícios e isso é muito justo, pois com fiscalização precária e justiça lenta, as retaliação patronal é um fato rotineiro.

Em uma retranca de apoio, uma professora de Cambé caiu de uma escada e fraturou as duas pernas e os dois pés quando decorava um local para a realização da festa de formatura da escola onde trabalhava. Após a licença médica e o retorno, foi mantida no estabelecimento de ensino praticamente como uma atendente, fazendo fotocópias e atendendo telefones, apesar de ser graduada e especializada na área de pedagogia. Encerrado o período de estabilidade, a professora foi demitida pela escola de Cambé.

sábado, 27 de agosto de 2011

Gentileza de fim de semana - "Vamos estar fazendo um favor"

Até repórter de TV usa gerúndio e acha que fala bonito. Então pesquisamos no Google e subtraimos um texto de lá. É do http://www.brasilescola.com/gramatica/gerundio.htm que eu copio o texto abaixo. Para tentar não ouvir repórter de rede nacional dizendo que "fulano acabou morrendo quando estava sendo transportado..."

É uma leitura de fim de semana para dar uma folga aos atualizadores deste blog. Vale a pena, pois tem muita gente falando errado.

O gerúndio é uma forma verbal que indica uma ação que está em andamento, algo que não está completo. Essa forma verbal sempre é formada pela partícula – "ndo" unida ao verbo. Exemplos: Eu vou estar confirmando os dados. Você está sendo redirecionado.

O gerúndio pode ser utilizado com outros verbos ou sozinho, quando adquire a função de advérbio: Ex: Fazendo assim, vai ser fácil. (Gerúndio com função de advérbio).

A grande questão ligada ao uso do gerúndio é que esta forma verbal é amplamente usada de forma incorreta, principalmente em serviços de telemarketing e atendimento ao consumidor. Todos nós já nos deparamos com situações nas quais um atendente de uma empresa usa o gerúndio de forma abusiva: “O senhor pode estar respondendo a um questionário?”; “Nossa empresa vai estar lhe informando”, etc.

Esse vício de linguagem tem suas origens na língua inglesa. Seria uma tradução literal do emprego do verbo “going to”. Ex: “I am going to do something” (Estou indo fazer algo). No entanto, é preciso ressaltar que em alguns casos o uso do gerúndio é correto. A questão é que existe uma falsa impressão de que o gerúndio traz vantagens estilísticas sobre outros processos, o que não é verdade.

O gerúndio é corretamente usado quando transmite a idéia de movimento, progressão, duração, continuidade. Alguns casos em que o gerúndio é empregado corretamente:

- “Em virtude do atraso, estaremos recebendo o pagamento em conta corrente nos dias 08 e 09 de setembro”
- “O que você vai fazer durante o fim de semana? Vai estar viajando?”
- “Ele está fazendo a prova agora.”


Repetimos: o texto foi extraído do http://www.brasilescola.com/gramatica/gerundio.htm que tem muitos outros artigos interessantes. Passem por lá e confiram.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Repórter fotográfico faz a fotografia falar

Foto e fotojornalismo. Entre um ponto e outro a distância é quilométrica e no trajeto há muitos elementos a serem considerados. Luz, composição, enquadramento, enfoque e até ideologia fazem parte de um conjunto. Tudo isso trabalhado doméstica ou profissionalmente faz a fotografia falar.
Às vezes uma câmera digital amadora eterniza cenas importantes mesmo que a pessoa por trás dela seja apenas um apertador de botão. A era digital elimina inclusive os cortes acidentais e inoportunos que tiram o pedaço da cabeça. Ainda assim há fotos com as mãos cortadas, os pés fora do enquadramento e os olhos avermelhados, embora a maioria dos equipamentos disponha de recurso para eliminar o problema.

O equipamento profissional depende, além dos recursos técnicos, de um especialista atrás dele. Este deve ter, além do conhecimento da máquina e de suas lentes e filtros, as circunstâncias do que fotografa, boa dose de cultura e, principalmente, a sensibilidade para identificar o momento e transformá-lo num documento.

Não basta fazer por uma questão de disputa, para ser o autor da melhor foto de um determinado acontecimento. Isso é fotojornalismo. E fotojornalista – ou repórter fotográfico – tem que fazer a sua foto falar para milhares de pessoas.

Na verdade, um fotógrafo que faz casamento tem a obrigação de registrar lances. Os lances registrados no cartão de memória e depois impressos, para ilustrar álbuns que passarão de mão em mão entre familiares e amigos, não deixa de ser um canal de comunicação. Por perpetuar algo importante, mostrar que a noiva estava linda, o padrinho se vestiu impecável, a cunhada fez careta, o bolo estava magnífico. As fotos desses álbuns vão mostrar momentos de felicidade.

O repórter fotográfico tem que ir muito mais longe. Às vezes o seu clique tem que mostrar dor, constrangimento, tensão, sofrimento, indignação. E isso não se arma. Os subnutridos da África e as vítimas do Vietnã que o digam. Ninguém posou enquanto chorava. Nenhum morto foi enfileirado para ajudar no enquadramento.

Victor Ruiz Caballero, da Reuters, assina foto publicada na capa da edição desta sexta-feira da Gazeta do Povo. O assunto é a Revolta Chilena, que é o título do texto-legenda aplicado na parte de cima da foto. O texto é curto: “Segundo dia de greve geral no país une trabalhadores e estudantes e leva dezenas de milhares de manifestantes às ruas.” Não precisa de mais nada. A foto diz tudo. Confiram.  

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Erro besta por falta de conhecimento e checagem

A página A9 de O Estado de S.Paulo abre com uma informação hilárica no meio do texto-manchete. O assunto é Jandaia do Sul e os recursos de R$ 21,8 milhões em convênios repassados pelo Ministério do Turismo nos últimos três anos.
A matéria é assinada por Vannildo Mendes, de Brasília. As informações técnicas estão corretas. O profissional até garimpa por históricos de personagens envolvidos no tema. O começo é assim: “A pequena Jandaia do Sul, no Paraná, não é sede da Copa, não tem praia nem consta de qualquer roteiro turístico nacional ou estrangeiro”.

E segue, após uma vírgula: “...mas recebeu R$ 21,8 milhões em convênios com o Ministério do Turismo nos últimos três anos.”

Tudo certinho, do enredo ao enfoque. O texto deixa claro que o volume de dinheiro que o Governo Federal destinou a Jandaia do Sul, através do Turismo, é recorde no Paraná. Que o município tem como prefeito José Rodrigues Borba, do PP. Que Borba integra a base aliada desde o primeiro governo Lula e é um dos 36 réus do inquérito do mensalão que tramita no Supremo Tribunal Federal. Que o prefeito de Jandaia do Sul, acusado de corrupção e bando, renunciou ao mandato de deputado federal para evitar a cassação.

O equívoco acontece quando o jornalista compara Jandaia do Sul a Londrina: “Londrina, que atrai milhares de turistas com seu clima frio e os nevoeiros que lembram Londres, foi contemplada com R$ 13,6 milhões.”

Alguém pode sair em defesa e dizer que o jornalista está baseado em Brasília, a cerca de 1.250 quilômetros de Londrina, uma cidaded que não tem clima frio e muito menos nevoeiros que lembram Londres. Mas o Vannildo Mendes é um profissional. Ele poderia evitar este erro básico e grosseiro de várias formas: consultando internet, obtendo informações de colegas do Paraná que trabalham em Brasília, trocando idéias com próprios companheiros do Estadão que conhecem as características climáticas de Londrina e até consultando políticos e assessores londrinenses no Congresso Nacional.

E poderia saber, inclusive, que o turismo de Londrina tem força nos negócios. Não é o nevoeiro e o frio que trazem turistas a Londrina. Poderia saber que nem os eventos culturais tem tanta força no turismo londrinense quanto os negócios.

A impressão que o jornalista deixa é muito preocupante. Pois nem na internet há informações que Londrina tem turismo por causa do frio e do nevoeiro. Então ele parece nem ter consultado a rede mundial para checar esta informação.

Sim, algumas cartilhas básicas dessas que contam a história local relacionam a presença do inglês Lord Lovat na colonização de Londrina como algo a ver com Londres. Foi pura opção comercial, nada a ver com o clima daqui e de lá. Londrina tem clima considerado subtropical úmido mesotérmico. Quanto ao frio, a mínima registrada por aqui foi de -4,7ºC naquele inverno de 1975 que acabou com a cafeicultura. Agora bate nos 30ºC até nos veranicos.

Jornalista não pode cometer erro de informação tão básico, pois deixa estampar falta de cultura. Além da falta de conhecimento, demonstra preguiça na checagem de uma informação tão importante quanto os valores e o números que ele apresenta no seu texto. Ou devemos, a partir de agora, ter dúvidas também nas informações técnicas desde profissional?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Retrato é uma boa intenção. Porém...

Revista, jornal, almanaque ou folhetim? Semanal, quinzenal, mensal ou o que? Como a maioria das publicações que circulam em Cambé, o Retrato também é uma incógnita. A periodicidade, por exemplo, vai a reboque dos anúncios que são fechados. E o conteúdo é um misto, embora se tente uma abordagem de revista.
Enfim, não há muito o que analisar. Podemos apresentar as características físicas, que são uma repetição de outras abordagens já feitas: tablóide reduzido em papel jornal. O que mais? É grossinho. É assim que algumas pessoas que não tem o hábito de ler jornais avaliam o tamanho da publicação: pela quantidade de páginas. Porque o conteúdo é outra história.

Então façamos um exercício a partir de uma pergunta básica: o que leva determinada pessoa a ser proprietária de um jornal? Aspiração política? Vontade de escrever e não ter onde publicar o que escreve? Necessidade financeira?

Fiquemos nestas três possibilidades. Aspiração política pode ser consolidada com uma publicação desde que seja um veículo de crédito junto ao leitor. Edite um jornal de candidato ou de partido e adivinhe quantas pessoas que recebem um exemplar se preocupam em folhear o bendito. A capa já desanima. Se o material é entregue na rua, o cidadão sai desconcertado, procurando pela primeira lixeira para se desfazer daquele peso. Um jornal ruim incomoda.

Vontade de escrever e não ter onde publicar. Pode ser. Mas, a princípio, não adianta ter onde publicar e não ter quem leia a publicação. E sejamos sinceros: não há frustração maior do que escrever e não ser lido. Às vezes o seu texto é bom e chama leitura, mas o jornal em que ele é impresso não tem penetração. Então...

Necessidade comercial. Como? Cambé tem cinco títulos que se apresentam como jornais. Há outras publicações vinculadas a entidades. Há pequenos panfletos e mosquitinhos voando. E até as escolas decidiram que os alunos querem fazer jornal.

Fiquemos, ainda assim, no limite das publicações que dizem ser jornais. São cinco, mais uma emissora de rádio AM e uma TV a cabo. Haja anunciantes para tudo isso num município de comércio fraco. E sabe-se que algumas dessas publicações leiloam os seus espaços comerciais. Em alguns casos, qualquer dez reais valem uma publicação.

Nesse contexto é muito difícil falar em ética na comunicação. Necessário sim. Mas complicado. E como...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nada além da vontade de ser de oposição

O Supremo Tribunal Federal (STF) tem que assumir a sua supremacia até nos piores equívocos cometidos no jornalismo nacional, principalmente quando os erros tem origem na falta de capacitação de quem faz jornal.

O Jornal Comunitário tem como diretor Silvio Vidotte. Ex-diagramador da Folha de Londrina, Silvio também assina como jornalista responsável. A publicação é no formato tablóide reduzido e em papel jornal. O Jornal Comunitário, ao contrário de outras publicações de Cambé, traz chamadas na capa com jeito de manchetes: os títulos têm verbos e não são frases soltas.

Fundado em junho de 1989, a publicação tem uma cara definida: é oposição da atual administração municipal de Cambé. Então já são dois méritos: tem verbo no título e tem linha editorial. O Jornal Comunitário não pende de acordo com o vento. É oposição e pronto.

Mas por ser oposição abriga adversários políticos. Às vezes peca por não aprofundar temas que interessam ao seu público e deixa evidente que a ordem é só agitar. Então não completa o jornalismo, pois se transforma em ferramenta de recado.

A publicação tem seções fixas. Tem na edição de junho de 2011, mês em que completou mais um ano de existência, uma matéria sobre o aumento da tarifa do transporte coletivo. Isso interessa diretamente ao leitor. Tem anúncios espalhados por suas páginas.

E tem mais: erros de concordância e de digitação, erros de enfoque, erros que diminuem a importância de uma publicação que, por ter um objetivo definido – o de ser oposição – deveria ter crédito junto à parcela da população.

Perdão, dissemos que o Jornal Comunitário, por ser de oposição, tem uma linha editorial. Mentimos. Linha editorial não é só isso, é muito mais. Assim o Jornal Comunitário é mais uma publicação de Cambé. O jornal está só no nome.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O JNC tem como fazer jornalismo de verdade

Há duas ou três edições o grupo de jornalistas envolvidos na manutenção deste blog comentava que o Jornal Nossa Cidade merecia uma boa análise por sair às ruas com cara de um jornal de verdade.
Realmente, o JNC havia chegado aos leitores com matérias variadas e nem a obrigatoriedade que nos parece política e comercial, de estampar em todos os seus números o chefe da Casa Civil do Governo do Paraná, Durval Amaral, prejudicou a leitura. Também as matérias fornecidas pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Cambé saíram como notícias, pois a produção própria supriu com temas interessantes a parte que supõe alguma espécie de vínculo.

A exceção foi para o colunista Carlos Serpeloni, que costuma transformar fatos que poderiam resultar em boas denúncias em piadas, tamanha é raivosidade com que trata os assuntos importantes. Mas, enfim, o expediente do JNC avisa que “as matérias assinadas são de responsabidade de seus autores”. De qualquer forma, fique o senhor Serpeloni ciente que ele, como colunista, tem o respaldo da legislação específica e da própria Constituição Federal para se manifestar. No entanto, supõe-se que as denúncias apresentadas terão peso real se forem colocadas isentas de tom pessoal.

É uma relação lógica, de causa e efeito. Quando uma queixa parece específica e essa queixa é exageradamente batida, a credibilidade tende a cair. Quando a queixa é do cidadão ela ecoa e ganha força. Infiltra como água, provoca rachaduras e chega à erupção. E calha de resultar em providências por parte de quem é o responsável, seja este o Ministério Público, o poder público de diferentes esferas, a polícia ou aquele que seja.

Na semana passada saiu mais uma edição do JNC, a de número 1113, com data de 19 de agosto de 2011. Muito diferente das duas anteriores. Na capa, exceto chamadas de reportagem sobre uma modelo que interrompe carreira no Japão e de fundação de uma escolinha de futebol, o resto gera preocupação de tendências. Quanto à coluna de Carlos Serpeloni, o articulista, nesta edição, trata de assuntos que são de interesse da comunidade e cobra providências do setor competente, que normalmente é a Prefeitura. Este é o tipo de enfoque que ganha força, pois é fato que faz parte da vida de uma cidade de quase 100 mil pessoas.

Cabe, então, uma parada causada por algo intrigante: a linha editorial merecia elogios e caiu de repente; o colunista principal se tornou mais convincente. Houve uma inversão de papéis? Isso faz parte de uma estratégia? Esperamos que não. Que o jornal tenha sofrido apenas uma crise passageira de recaída e que o colunista tenha centrado o foco.

O JNC tem potencial para ocupar lugar de destaque num mercado editorial difícil, onde os anunciantes privados não dispõem de uma clara leitura de quando e como devem investir em anúncios, e os empreendimentos públicos são carimbados e obrigam os empresários de jornais à tendências. De qualquer modo, o JNC tende a crescer se optar por fazer jornalismo. E por pelo menos duas edições este jornal deu provas de que sabe fazer jornalismo.

domingo, 21 de agosto de 2011

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Crônica - Um caso de ruído na comunicação cotidiana

Walter Ogama - Procurava "Qualquer", de Arnaldo Antunes, colocado no mercado em fins de 2006. Na loja especializada do Calçadão, a atendente foi solícita. Corre ao meu encontro logo que encosto no mostruário de música popular brasileira. Estou ainda em Ana Carolina quando ela pergunta:
- Precisa de uma ajuda?
- Muita ajuda. Procuro Arnaldo Antunes. Qualquer...
Vejo-a dedilhando as caixas de CDs até chegar no Arnaldo. Ela dispõe de dois títulos.
- É alguns destes?
- Não, procuro o Qualquer...
Agradeci e sai. Só do lado de fora da loja percebi que provoquei um ruído de comunicação. Deixei de explicar para a moça que "Qualquer" é o título do CD, que não estava procurando um CD qualquer do Arnaldo Antunes.
Imaginei que apesar do produto estar no mercado há meses, o estabelecimento não atualizou a banca e nem forneceu à atendente um bom catálogo de lançamentos.
Ainda assim, para comprovar a minha tese, prossigui até outra loja. A cena se repetiu. A diferença é que o estabelecimento só tinha um título do artista. Novamente sai agradecendo.
Tinha mais duas opções no shopping, além de uma loja de departamentos com setor de CDs e DVDs. Nesta, percebi que o funcionário saiu-se bem em seu atendimento. Perguntei de sopetão:
- Você recebeu Qualquer, do Arnaldo Antunes?
- Não chegou nada ainda...
Estranho, o lançamento foi em 2006 e estavamos no segundo mês de 2007. Admiti que o Arnaldo, depois de optar pela carreira solo e abandonar os Titãs, deixou de ser comercial. E o CD "Qualquer", da primeira a última faixa, é extremamente avesso às pretensões das gravadoras comerciais. Ou será que o funcionário da loja de departamento respondeu à queima-roupa?
No outro extremo, outro estabelecimento especializado. Também perguntei enigmático, sem explicar que "Qualquer" é o título do CD. E me mostraram três Arnaldos, para escolher um deles.
Retornei ao outro lado, em outra loja especializada, e fui direto ao assunto:
- Estou procurando o CD Qualquer, do Arnaldo Antunes. Qualquer é o nome do CD.
A moça correu até o mostruário e me apresentou o que eu queria.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Jornalismo e ética em trechos captados da internet

(com o perdão dos autores por transcrever trechos importantes de suas autorias)

De Paulo Lima

“...a ética no jornalismo começa onde tem início a ética do cidadão. Ou seja, a resolução da questão ética depende também do que o jornalista considera como seu dever de cidadão. O estabelecimento dessa semelhança desmistifica algumas posições tão comuns aos jornalistas. Em primeiro lugar, a noção de impunidade. O cidadão não deixará de ir para a cadeia, caso venha a cometer um crime. A mesma regra se aplica ao jornalista.

Então, para manter uma postura ética, a despeito das pressões que venha a sofrer da empresa onde trabalha (e elas variam de uma para outra), o jornalista deve manter a consciência de que o seu limite é o limite do cidadão.”

 De Pedro Celso Campos (1)

No recente episódio do ataque terrorista aos EUA, todas as TVs mostraram palestinos festejando o desastre. Mas só a Globo News não explicou que a celebração se dava numa cidade famosa por ser berço de homens-bomba. Os demais canais a cabo ressaltaram várias vezes essa informação e repetiam que os festejos não eram generalizados, anotou Marinilda Carvalho, dia 23.09.01, no Observatório da Imprensa.

Considerado um dos mais famosos jornalistas dos EUA, com imagem de imparcial, segundo o site, o principal âncora da rede de televisão CBS, Dan Rather, em entrevista no programa de David Letterman, chorou três vezes e disse que Bush podia contar com seu apoio irrestrito: como americano, ele terá o que quer de mim, registrou o Ponto de Vista do site www.oficinainforma.com.br do dia 26.09.01.

Na seqüência da coluna eletrônica, o lingüista Noam Chomsky, entrevistado sobre os atentados, citou o jornalista Robert Fisk, um dos mais respeitados correspondentes no Oriente Médio: O mundo será levado a acreditar nos próximos dias que presenciamos uma luta da democracia contra o terrorismo; na verdade, os atentados têm muito a ver também com mísseis americanos caindo sobre lares palestinos; com helicópteros americanos jogando mísseis em uma ambulância libanesa em 1996; e com uma milícia libanesa – paga e uniformizada por Israel, o fiel aliado americano – cortando, estuprando e matando refugiados em seu caminho. E com muito mais”.

De Pedro Celso Campos (2)

“...o repórter sério, bem informado, que passou os quatro anos da Faculdade cobrando e praticando qualidade de ensino, vai ser respeitado quando chegar para o pauteiro e disser: Apurei e não vou escrever porque isto não é notícia.

É uma atitude firme e corajosa quando constatamos tantas situações em que se pratica muito mais a liberdade de empresa do que a liberdade de imprensa. No entanto as empresas não fazem jornal sem jornalistas, por mais tecnologia de ponta que reúnam. É na escola que os futuros jornalistas devem aprender a exercer de corpo inteiro a profissão, mesmo sabendo que cada um tenta dar contornos éticos à sua verdade, pois até Hitler achava estar fazendo o melhor para o seu povo.”

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

JC precisa de um bocado para ter cara de jornal

O JC é o mais novo jornal de Cambé. Está na edição de número 10 e circula quinzenalmente. É um tablóide reduzido em papel jornal. Traz a assinatura da B.G. Silva Filho Publicidade e Jornalismo. Os diretores são Benê Filho e Wanderlei de Freitas. O expediente apresenta Jônatas Eduardo Palma como editor e Leonilda Bissochi  como revisora. Os cinco mil exemplares anunciados são impressos na Grafinorte, do Jornal Tribuna do Norte, de Apucarana.
Mil perdões. Quando dissemos lá atrás que o Jornal de Cambé é a mais recente publicação impressa da cidade, nem verificamos se surgiram outras depois. Em localidades pequenas, todo mundo que ser dono de jornal. Na primeira oportunidade montam uma estrutura precária, vendem alguns anúncios a preço de agulha de costura e mandam um amontoado de textos e fotos para a impressão. Sim, agulha de costura, porque a banana está cara e deixa de ser referência.

Meses atrás, quando Benê Filho anunciou a proposta de um jornal impresso a alguns jornalistas de Cambé, em pelo menos uma oportunidade ele foi orientado a se preocupar com uma equipe de jornalismo, mínima que fosse. Isso porque a idéia do Benê era de fazer um jornal diferente dos que já circulavam na cidade. Lembramos que o Benê também é dono da concessão da TV Cambé, a cabo.

A recomendação não foi levada à prática e o resultado é um jornal de colunistas: Rapidinhas do Benê Filho; Agendão da Cidade; Página Esportiva assinada por Wanderlei de Freitas; Futebol Total assinado por Eduardo Cazarim; ArteCrônica assinada por Walter Ogama e Carlos Alberto Cavalli; Papo de Biólogo assinado por Henrique Zotarelli Gomes da Silva; Página Cristã com textos de Leonilda Bissochi, Alfredo Rafael Belinato Barreto e reverendo Aníbal Luís Pereira; Viver Melhor, de Maria Elisa Cestari; O assunto é psicologia, de Mariângela Lachimia; O seu direito, de Laiza Zotarelli Theophilo; Decoração, de Silvia Zotarelli, e Cantinho Poético. Ufa!!!

Tudo isso em 16 páginas de tablóide reduzido. Sem contar que a produção do meio do jornal (espelho) tem a assinatura de Benê Filho e varia de reportagens a enquetes, passando por entrevistas sobre assuntos variados.

A capa da edição de 13 de agosto de 2011 tem anúncios e três chamadas. Nenhuma mancheteia a edição. A página 2 tem um editorial que é mais apresentação. Duas matérias com fotos dividem espaço com o expediente e um anúncio de rodapé, quase na altura de meia página.

Na página 3, um texto com trechos extraídos da Folha de São Paulo. Na página 4, duas matérias com fotos e um rodapé. Na página 14, um informe publicitário. Na página 16, anúncio e texto-legenda. Só!

Benê Filho! Ainda dá tempo de fazer aquele jornal que o senhor disse que tinha a intenção de produzir. E acredite, quando ele chegar às ruas vai ter muita leitura. Aceita o desafio?

Cá, de ouvido, apostamos que o Benê Filho, que participou das duas reuniões preparatórias ao Fórum, está disposto a chegar lá. E se for isso nós incentivamos com debates, como fazemos neste texto, e com o apoio na medida do possível.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

E torça para que a campanha do patrocinador tenha ótimos resultados...

Verdade! Os três dias da campanha de inverno da Associação Comercial e Empresarial (Acil) de Londrina foram de muito movimento nas lojas da cidade. Aliás, passei num shopping e comprei um par de Adidas que normalmente me custaria uns trezentos e poucos, quatrocentos ou até quinhentos reais. Um tênis que não vale quanto pesa, exceto por ser de grife.
Paguei setenta e dois reais e alguns centavos pela mercadoria, cujo par estava largado numa banca de madeira rústica onde se colocam produtos de terceira. Até fui honesto e perguntei à vendedora: “Este par de Adidas é desta banca mesmo?” Já que ela consentiu, me apoderei. Em outra banca achei um botinão por vinte e sete reais e tantos centavos. Ah, sempre os centavos atrás dos reais, na prática de uma psicologia de vendas besta. Que me desculpem os profissionais de psicologia por fazer tal relação, mas é a realidade.

Na mesma banca onde achei o par de Adidas um outro tênis, de marca desconhecida mas no olhômetro muito bem produzido: solado de borracha firme, couro sintético resistente e acabamento respeitável. Os três pares somaram cento e vinte e sete reais e centavos afins. Com detalhes: o tênis que não era o Adidas veio só com um cadarço; um pé do botinão saiu da loja diferente do outro. Só percebi isso quando cheguei em casa.

Fui trocar e a moça foi ríspida: “Produto da promoção a gente não troca”. Retruquei no mesmo tom, na frente de um monte de consumidores: “Mesmo quando você me embrulha um botinão esquerdo diferente do botinão direito?” Ela deu um sorriso meio de consentimento, outro meio de raiva, mas foi procurar o par certo.

E o que isso tem a ver com jornalismo? Confiro na capa do JL desta terça-feira a capa com manchete seca sobre a multa do Procon na Copel. Abaixo, a foto e o título da segunda chamada: “Londrina Liquida mostra consumo aquecido”.

Vou à página 8 e leio uma matéria de versões. As fontes são a entidade comercial, comeciantes e, de sobra, um professor de economia e finanças. Não há um olhar de repórter ao momento em que a liquidação ocorreu. Não há, senão entrevistas, pelo menos a impressão de consumidores. Parece que a matéria torce pela campanha. Que a campanha tenha dado certo e que nós, mídia, possamos mostrar à sociedade que tudo vai bem por aqui.

Eu gastei, sim, na campanha da Acil. Mas queria aquele par de botas que na mais valia eu pagaria noventa e estava na vitrina por duzentos e tantos e centavos a mais.

E como eu muitos londrinenses aproveitaram as bancas: sapatos sem cadarços, calças com uma costura solta ou sem botões, geladeira com um risco na lateral. Esse consentimento do consumidor, de adquirir uma mercadoria com pequeno defeito, mas a um preço mais em conta, é prática usual. Em campanha banca de promoção é algo estranho. E a mídia assumiu tal campanha sem qualquer questionamento.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Fernanda Mazzini diz que a Folha quer mais espaço para o enfoque regional


O resgate da abordagem regional no meio impresso londrinense é uma possibilidade. O aceno foi feito pela chefe de redação da Folha de Londrina, Fernanda Mazzini, que participou da segunda reunião preparatória ao 1º Fórum de Democratização da Informação de Cambé, na noite de sexta-feira, dia 12 de agosto, no Centro Cultural.

Fernanda Mazzini trouxe exemplares do encarte Folha Norte Pioneiro, cujo projeto é recente e contempla municípios do Norte Velho, a partir de Assai. A circulação é restrita à área de abrangência e, na verdade, repete fórmula já tentada no passado pela própria Folha.

Já houve época em que o caderno Folha Cidades circulava com duas capas, uma para Londrina e outra para Curitiba. Na verdade, capa e contracapa vinham com logomarcas para cada cidade e na oficina eram invertidas na hora da impressão para cada cidade.

Cadernos próprios para Londrina e Maringá também foram experimentados no passado. A capa do jornal circulava alguns dias com quatro versões diferentes: Folha de Londrina, Folha do Paraná Curitiba, Folha do Paraná Noroeste e Folha do Paraná Oeste. Nessa fase, a editoria de capa do jornal chegou a ter 11 jornalistas entre editores, redatores e diagramador.

Fernanda Mazzini também conversou com os participantes da reunião sobre a atual constituição da redação da Folha de Londrina. Ela, que atua no jornalismo há cerca de seis anos e assumiu a chefia de redação há pouco mais de seis meses, disse que em determinadas situações o jornalismo da empresa percebe a ausência de profissionais experientes. Alguns casos de equívocos na produção das matérias jornalísticas foram debatidos.

A nova chefe de redação da Folha de Londrina substituiu no inicio deste ano Oswaldo Petrin. Ela é a sexta jornalista no comando da redação da Folha desde que o empresário José Eduardo de Andrade Vieira adquiriu o jornal. O primeiro foi Nelson Merlin, ex-Estadão, que foi substituído por João Arruda. Ambos ocuparam o cargo de diretor de jornalismo.

O cargo foi extinto após João Arruda, quando passou a vigorar a função de chefe de redação. A primeira jornalista a ocupar a chefia de redação foi Tereza Urban, ex-coordenadora do Estadão no Paraná. Ela foi substituída por Walter Ogama, um prata da casa, que foi substituído por Oswaldo Petrin, também veterano da Folha. Antes da compra do jornal por Andrade Vieira, a direção de jornalismo era ocupada por Walmor Macarini.

A organização da segunda preparatória destaca a presença das seguintes pessoas no evento: Lair Fiorello, César Cortez, Gisele Cabrera, Valquiria Romero, Fábio Bortoleto, Benê Filho, Tiago Gonzáles, Mateus Utiyama, Carlos Alberto Cavalli, Walter Ogama, Alceu Padilha e a dupla Paulinho e Laércio de Lima, que comanda programa de esporte amador em rádio. A jornalista Gisele Mendoça e a professora Liberaci Pascueto justificaram ausências.

Pessoas da iniciativa privada e do setor público que representam o segmento geradores de notícias foram convidadas para a segunda preparatória, mas não houve nenhuma participação desse grupo. Dos veículos de comunicação de Cambé convidados, estiveram presentes a Rádio Cidade – Jovem Pan, o Jornal de Cambé, o jornal Cambé de Fato, a Revista Impressa e a TV Cambé.

A foto é de Gisele Cabrera, que participou do evento e emprestou o seu conhecimento fotográfico aos organizadores.

sábado, 13 de agosto de 2011

Na segunda, a avaliação da segunda reunião preparatória ao Fórum

Uma conversa franca entre a chefe de redação da Folha de Londrina, Fernanda Mazzini, e os participantes do evento, é o saldo positivo.
Com apenas 14 dos mais de 90 convidados presentes, a reunião mostrou que comunicação e ética são assuntos que interessam a poucos.
Mas quem está convicto é sempre pleno. Por isso o evento foi produtivo. Prometemos texto e foto na segunda.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Falha na checagem da informação é sinônimo de preguiça e/ou má fé

A repórter do Jornal de Londrina telefona para a assessoria de imprensa de um órgão público às 17h13 e quer saber com quem pode falar sobre uma denúncia relacionada a alvarás. É informada que alvarás são de competência da Secretaria Municipal da Fazenda, cujo horário de funcionamento é das 8 às 17 horas. “Mas vamos checar se ainda encontramos alguém no setor”, comunica o jornalista que atendeu a repórter.
Ainda assim ela esbraveja. Diz que precisa terminar a sua matéria e se não conseguir a informação que precisa o órgão público ficará sem defesa da denúncia. E vai mais longe: diz ao jornalista, em tom de deboche: “Porque eu trabalho até às 19 horas”.

Sim, ela trabalha até às 19 horas e iniciou a sua jornada às 14 horas. Os coordenadores e os funcionários do órgão público começaram a trabalhar às 8h30, pararam para o almoço por 1h30 e no retorno continuaram até às 17 horas.

Assim como ela, que cumpre jornada de acordo com uma legislação, o funcionário público também está disponível para a população, a imprensa e o patrão de acordo com a carga horária que a lei lhe determina.

Além do mais, patrão é patrão na iniciativa privada e no setor público. Quando o empregado começa a fazer hora extra o empregador acha que o fulano está enrolando durante o expediente só para acumular banco de hora ou aumentar os ganhos fazendo serão.

Mas sem se intimidar com o deboche, o jornalista da assessoria de imprensa diz à repórter que vai tentar o secretário da Fazenda por celular. O secretário, que está em curso fora da cidade, avisa ao assessor de imprensa que pouco poderá ajudar porque não tem em mãos os dados solicitados pela repórter.

Então ele telefona para um encarregado direto que já está em casa mas retorna ao órgão público, de onde telefona para a repórter. Ao saber da reclamação que teria sido apresentada à repórter por uma contribuinte, o encarregado informa à jornalista que embora seja daquele órgão público não tem como verificar a situação da contribuinte naquele horário, até porque o sistema não é disponibilizado após o expediente.

E tenta checar a possibilidade da repórter adiar a publicação da matéria. Mas ela volta a usar do deboche e diz que trabalha até às 19 horas, como se aquele funcionário que a atendia fosse um vagabundo que recebe do povo e trabalha pouco.

No dia seguinte o jornal que emprega a tal repórter, que trabalha até às 19 horas, traz a matéria. A contribuinte reclama que entrou com pedido de alvará há meses e o órgão público não a atendeu. Do tipo, a mulher não pode trabalhar porque o órgão público está atrapalhando.

A assessoria de imprensa toma os procedimentos necessários e recomenda ao órgão público que explique à repórter, esta que trabalha até às 19 horas, e à população em geral: por que o alvará da contribuinte não saiu?

Na checagem, o setor responsável pela emissão de alvarás constata que a contribuinte recebeu o documento há quatro meses. E quando recebeu o seu alvará assinou documento dando ciência. Então se ela não estava trabalhando não era por falta do alvará.

Soubemos que após constatada a real situação o próprio órgão público decidiu, junto com a assessoria de imprensa, que não valia a pena um direito de resposta, considerando que a pessoa que dizia ser prejudica pela falta de alvará não havia, de fato, sofrido prejuízo por este motivo; que se na origem da matéria a repórter cometeu um erro de checagem de informação, que garantia havia do direito de resposta sair no jornal com lisura? Um novo equívoco apenas criaria mais desgaste.

A que ponto chegamos! O quarto poder feito por repórteres que trabalham até às 19 horas transforma aquilo que devia ser o estandarte da verdade em coisa duvidável. E deixa de se usar um direito, que é o da resposta correta, porque duvida-se da capacidade do profissional de jornalismo.
Temos também o relato do caso de outra repórter, da Folha de Londrina, que transformou uma cidade em berço dos rodeios clandestinos e não checou onde ela estava. Sabe onde? A repórter fazia matéria em uma cidade e condenou a cidade vizinha. E garantiu no seu texto que o dono de um dos rodeios clandestinos havia mostrado a ela a autorização de funcionamento da atividade. Se o cara mostrou a autorização, a repórter nem checou quem assinou o tal documento. Sai nos próximos dias.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Algumas disputas são meramente quantitativas

Walter Ogama – Fui por três anos editor-chefe do caderno ANJaraguá, um tablóide encartado ao A Notícia, de Joinville, nos municípios do Vale do Itapocu. Isto mesmo, Itapocu. A grande sede é Jaraguá do Sul, uma cidade rica graças à industrialização. Só a Weg Motores empregava na época – entre 2005 e 2008 cerca de 14 mil trabalhadores na unidade-matriz. Desse total pelo menos 70% eram paranaenses das regiões de Cascavel, Toledo, Pato Branco, Assis Chateaubriand e por ali.
Lá também é a sede da Malwee Malhas, empresa que mantém o time de futsal do jogador número 1 do mundo, Falcão. Numa fatia mais requintada e logicamente com produtos de grife vinha a Marissol, também grande empregadora até então. Depois esta empresa montou unidade fabril no Nordeste do País, onde a mão de obra é mais barata, e manteve em Jaraguá somente a diretoria, a estrutura de marketing e o comercial.

Jaraguá do Sul se orgulhava por ser a cidade que tinha, na época, a maior quantidade de carros importados em relação à sua proporção habitacional. O único shopping se chama Breithaupt. Os Breithaupt também mantinham supermercados na região concorrendo com a grande rede catarinense Angeloni.

Os nomes já indicam. Jaraguá do Sul é de população predominante de origem alemã. Em seguida, os italianos. Ah, Jaraguá também foi sede da Kohlbach, aquela empresa que fazia propaganda na televisão e o cara dizia, caprichando no tom: “É Kohlbach...”

Joinville fica perto, cerca de 45 km. Para ir a São Francisco do Sul bastava percorrer pouco mais de 85 km pela BR-280. No outro lado ia-se a Camboriu, passando por Piçarras que é pequena mas bonitinha. Pelo interior ia-se a Blumenau, com direito a uma parada em Pomerode, considerada a cidade mais alemã do Brasil. Ou subia-se a serra por Corupá até chegar ao Paraná, lá em cima do mapa.

Japonês do Norte do Paraná, cai em Jaraguá como um estranho no ninho. Um domingo me dei conta que eu estava sozinho na praça de alimentação do Shopping Breithaupt, meio dia e pouco. Tirei os olhos do prato e encarei: na frente, pessoas claras, cabelos loiros, olhos azuis ou verdes. Tentei achar outro descendente de nipônico naquela multidão. Nada. Só eu... Comi depressa. Engoli o que deu. Sai de fininho.

Semanas depois conclui um projeto de reformulação editorial do tablóide. Uma das mudanças foi no colunismo social. Demiti os dois colunistas que estavam no tablóide e contratei uma recém-formada, que havia feito estágio na minha equipe. Aleguei à diretoria da matriz, em Joinville, que o ANJaraguá tinha que captar leitores entre os trabalhadores da cidade.

Sim, um pessoal de chão de fábrica. Mas que trabalhava muito e poupava na mesma proporção para comprar um terreno, construir uma casa e depois trocar a bicicleta por um carro. Em algumas garagens residenciais via-se abundância: de dois a três carros guardados.

Assim, de repente mudamos o enfoque da coluna e em vez de mostrar as pessoas que comiam num restaurante padrão, estampávamos o pessoal da cozinha preparando a comida. Íamos às lojas para fotografar e publicar perfis de atendentes. Acabamos, enfim, com os colunáveis de plantão.

Foi uma revolução. A vitória foi o interesse de um maior número de pessoas da cidade pelo jornal. Os espinhos foram as reuniões de grupos fortes da localidade, inclusive a entidade empresarial, que reclamou da mudança em Joinville. Na época, a diretoria do jornal apenas me informou que havia sido procurada por empresários, por alguns políticos e por parte da intelectualidade, estranhando que um descendente de nipônico fosse editor-chefe de um jornal de Jaraguá do Sul.

Depois o Grupo RBS, do Rio Grande do Sul, comprou o A Notícia e eu entrei no gelo. Pudera! Eu não tinha curso Master de Jornalismo, da Universidade de Navarra. A minha condição era muito para um grupo de diretores e editores que se formaram em cursos da Opus Dei. A RBS também promoveu a revolução digital no A Notícia, que até então mantinha página na internet como um complemento. O jornal virou de stander para tablóide. A Redação foi reduzida. O pessoal que foi mantido assinou um documento mais ou menos assim: a partir da posse da rede gaúcha, todo mundo era empregado de toda estrutura da rede: rádio, televisão, impresso, internet e balacobaco além.

Quando comprou o A Notícia, a RBS apostava que passaria o Diários Associados, que tem como ponta o Correio Braziliense, em número de empregados. Assim ficaria em segundo no ranking de contratados, abaixo, claro, da Globo. Não se sabe se isso de confirmou. O que fica comprovado é que a disputa é mesmo quantitativa.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Crônica - O meio é a mensagem, mas nem sempre

(cuidado: contém cenas explicitas de ironia e sacanagem)

Walter Ogama – Minha colega psicóloga telefona às nove da noite e dá à voz um tom de expectativa e súplica:

- Querido! Preciso de uma ajuda urgente.

- Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem com você?

- Tudo...

As reticências são fatais. Imagino que lá vem bomba e decido entrar de sola:

- Então diga. O que é tão urgente?

- Tenho uma palestra para casais amanhã cedo.

- Ótimo! Significa que você é uma referência no tema.

- É, mas preciso de um texto seu, aquilo que você chama de crônica.

- Obrigado pela referência e por ter se lembrado de mim agora à noite. Mas tudo bem, tenho uma madrugada inteira para fazer isso que eu chamo de crônica.

- Querido, não briga. Surgiu de última hora. E quanto a eu não saber os gêneros e os estilos literários você me desculpe...

- Certo, desculpa aceita. Manda o tema, o público alvo inclusive tendência religiosa, faixa etária etc. Manda agora, por e-mail. Estou conectado.

- É simples. Anota ai e nem envio mensagem: casais de um grupo de igreja, faixa de 30 a 40 anos. Enfoque aquela fase em que os desgastes começam a ficar ásperos na relação conjugal.

- Ok. Mando daqui a pouco.

- Mas tem que ser algo forte. Bem suí generís, do jeito que você escreve quando quer provocar...

Desliguei o celular e entrei no Google. Na barra de pesquisa digitei: “casais safados”. Entrou um monte de sites sobre trocas de casais, mulheres casadas em busca de relacionamento extraconjugal, vizinhas atraentes, maduras com corpinho de ninfetas e assim por diante.

Ah, não neguem senhores. A maioria de vocês já entrou nesses sites. Estou mentindo? Eu escolhi um que me parecia mais apropriado. Cliquei e dei aquele tempo para os spans invadirem a tela com anúncios apropriados à ocasião: “Aumente o seu pênis em 3 cm sem cirurgia...”

Na página inicial cliquei na categoria “amadores” e busquei filmes. Lá adiante, depois de uns 15 minutos, achei um vídeo com título sugestivo: “Casal faz sexo anal e filma tudo”. Vamos lá...

A filmagem foi feita provavelmengte com uma câmera digital. O ambiente é escuro. A cena, de cerca de 4 minutos, é única, de continuidade. Aparecem as nádegas da mulher e atrás o marido, com a cabeça cortada. Claro, os rostos são cortados já no enquadramento. O som, embora precário, deixa audível a conversa de ambiente. Ela grita: “Putaquepariu... Estou gozando direto...” Ele responde: “Tá vendo, minha filha. É técnica... é técnica...”

Bastou. Baixei o vídeo, anexei no e-mail e mandei o seguinte recado para a minha colega:

- Colega! Abra a sua fala dizendo que a rotina acentua asperezas que estão presentes na vida a dois. E que há opções diversas para fugir dessa rotina. O casal pode reformar a casa, refazer o jardim, trocar a mesa da sala de jantar, comprar um novo sofá, financiar um carro zero, assinar tevê a cabo ou... Capriche nesse “ou”. Faça uma pausa para abrir expectativa. Encare o público girando o olhar de um lado a outro. Mantenha expressão de firmeza e conclua: ...ou assistam este vídeo e depois a gente conversa. Depois do vídeo faça de conta que não aconteceu nada de extraordinário. Caminhe com desenvoltura de um lado a outro e diga: Perceberam como a comunicação coloquial é perigosa quando se busca sair da rotina? O cara chama a mulher de filha. Ele podia melhorar o clima chamando-a de ordinária. Ai sim a fantasia chegaria à plenitude. Pronto, colega. Dê bom dia, recolhe os seus equipamentos e se mande...

Tomei todo este espaço só para introduzir um desfecho: O meio nem sempre é a mensagem, sou obrigado a discordar do grande Marshall McLuhan. Até que ponto a internet é um meio quente? Por que esquenta quando se acessa um site de sacanagem? Por que atualiza os acontecimentos de A Fazenda ou do BBB? Por que mantém as pessoas conectadas através das redes sociais?

Tudo o que foi citado acima tem um pouco de verdade, em proporção idêntica às mentiras. Porque nada se comprova, não há como medir preferenciais virtuais com os sistemas predominantes. Bruno Mazzeo, por exemplo, já descobriu que a cada ataque contra Luan Santana aumenta extraordinariamente a estatística de seguidores. Mas ninguém comprova a ele, cientificamente, se estes seguidores são simpatizantes ou raivosos.

Na comunicação, principalmente quando se trata de jornalismo, a internet vai mostrando que o meio é frio, apesar de permitir atualizações rápidas. O acesso é de pessoas que se conectam com uma finalidade definida: notícia atualizada de determinado assunto. É coisa pontual, não é site de passagem obrigatória. Os jornais impressos que desprezaram o conteúdo em função desse meio já estão na hora de um retorno inteligente ao passado. Reforço: sair da burrice com inteligência máxima. Meio termo naõ leva a nada.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Noite de bom sono sem levar tapas da consciência

Numa cidade pequena predominam dois tipos de jornais: o da oposição e o da situação. Estas condições adversas denunciam quem patrocina quem. A publicação situacionista costuma escancarar a chapa branca na testa. Sem medo de ser financeiramente feliz. O jornal de oposição abre manchetes sem nexo para fortalecer o dono do cofre, aquele que tem a pretensão de um dia ser situação. E, além das benesses financeiras, esta última publicação um dia também pretende ser chapa branca, em defesa de seu atual patrocinador.
Jogo político hilariante é este, não? Mas todos sabemos que esta partida existe e sempre existirá, pelo menos até que seja derrubada a última barreira dos que fazem jornalismo porco. Aqui, o nosso pedido de desculpas por um terrível equívoco: jornalismo tem que ser jornalismo.

Portanto, não há este tipo de classificação para o jornalismo. Tanto que não se pode falar em jornalismo porco. O que é sujo é picaretagem, não é jornalismo. E dizemos mais: jornalista é jornalista. Há jornalistas com diplomas como também há jornalistas que não possuem diploma. Vale também o contrário: há picaretas que tem diploma de jornalismo.

Muita confusão, concordam? Errado. Está claríssimo. O que temos que manifestar é que, nestas condições de situação agora e oposição amanhã, oposição daqui a pouco e situação no mês que vem, estas publicações podem resistir por anos. Mas sempre atreladas a algum tipo de força política e nunca escoradas na força editorial que faz do leitor um multiplicador.

Sim, multiplicador. Porque ele conhece o jornal hoje e quer ler a próxima edição, como também a outra que virá depois, depois e depois. E vai divulgando o jornal para o seu círculo familiar, seus amigos, seus colegas de trabalho que também vão querer ler e ler mais, sempre mais. É obvio: jornal lido é mais procurado pelos anunciantes. Ou você, se fosse empresário, anunciaria num jornal que é desprezadamente manipulado por meia dúzia de pessoas?

Utopia? Pode ser. Mas é muito mais confortável do que fabricar heróis de barro que se desfazem após a passagem de cada período eleitoral. E ser utópico às vezes rende uma boa noite de sono. Não se acorda com aquele sensação de que a gente apanhou da consciência a madrugada toda. Cambé precisa de um jornal. Que fique claro: Cambé precisa de um jornal.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pauta, um conflito diário nas redações

Coloque-se no lugar de um editor de Região. Seu jornal é de porte médio, com a pretensão de ter abrangência estadual. Numa suposta edição o seu espaço está apertado. Uma página limpa para colocar notícias de 399 municípios.

O seu colega da pauta já fez uma primeira triagem de todos os acontecimentos. Alguns não podem ficar de fora, pois são continuidade de temas que já foram noticiados e exigem atualizações. E foram mais pentes finos, alguns derrubados pelos próprios jornalistas de sucursais e correspondências. Mas sobram ainda 30 assuntos.

Desse total há temas que recebem uma espécie de indicação. É o gerente comercial que atende determinado município e diz que não está forçando a barra, mas a matéria é recomendável. Ou aquele prefeito amigo do superintendente do jornal. Ele telefona para o editor e diz que tem um acontecimento importante em sua cidade.

Aliás, tão importante que até convidou o dono do seu jornal para integrar a mesa de honra da solenidade. Ao fazer uma checagem, a pauta e o editor de Região descobrem que o tal acontecimento é a assinatura de um convênio para produzir leite de soja. Aliás, mais leite de soja, que na sua forma natural é intragável e arranca caretas dos estudantes que são obrigados a tomá-lo na merenda.

E de repente aquele correspondente resolve se engraçar e manda um e- mail quase intimador: “Caro colega editor. Estou mandando matéria sobre a reunião do prefeito com um grupo de empresários para discutir a cor da fachada do novo shopping. Vai um texto abre de 30 linhas, uma retranca de apoio de 15 linhas e um quadro com a cronologia da construção do shopping. É importante que a matéria saia, pois este prefeito é nosso parceiro”.

Parceiro? Que equívoco o desse correspondente, que até segunda ordem é um jornalista. Se o prefeito mantém contrato publicitário com o jornal, ele é um cliente. Jornalismo não tem parceiro. Pelo menos em teoria é assim que funciona. Mas vamos adiante: e chega a assessoria de imprensa daquela outra prefeitura com um telefonema para o editor: “Mandamos uma sugestões ai pra vocês. Tem uns assuntos importantes”.

Por desencargo de consciência vai lá o editor checar os e-maisl. São uns 20 releases, dos quais a maioria trata de reuniãozinha de não sei o que, quermesse daqui a dois meses, plantio de mudinha de árvore e essas coisas tão caseiras que um jornal de abrangência estadual jamais poderia divulgar.

Na ótica do editor a grande matéria da edição está lá fora, com as comunidades que nem sempre podem comprar um jornal. Mas comunidades que geram assuntos interessantes através de projetos sociais, esportivos, culturais e assim por diante. Matérias que podem dar abre de página e disputar a manchete de capa. Mas como?

É realmente um tormento o dia a dia de quem faz jornal. Pressões são disparadas de todos os lados. E chega o momento em que o editor e sua equipe são obrigados a parar, respirar, recuperar a serenidade e refletir. Nessa hora o melhor que há a fazer é se perguntar: “Quais assuntos que temos são de interessa de um maior número de pessoas deste nosso Estado, sejam elas leitoras ou não?”

sábado, 6 de agosto de 2011

Vênus divulga "princípios editoriais"

O documento é extenso e pode-se dizer que na teoria o conteúdo é interessante. Recorremos à Seção II, que indica os princípios para o jornalista proceder diante das fontes, do público, dos colegas e do veículo para o qual trabalha. "São normas de conduta ética, essenciais para preservar os atributos defendidos no documento:
Fazer e manter boas fontes é um dever de todo jornalista. Como a isenção deve ser um objetivo permanente, é altamente recomendável que a relação com a fonte, por mais próxima que seja, não se transforme em relação de amizade. A lealdade do jornalista é com a notícia".
Vamos conferir o plim plim para ver como isto funcionará na prática. Os Marinho dizem que estes princípios que agora são divulgados nortearam o jornalismo da Vênus desde a sua fundação, em 1925. Dizem que pode ter havido erro, mas que os acertos foram maiores. Isso inclui o período negro da história do Brasil, de 1964 até os anos de 1980? Inclui Pedro Bial afagando a cabeça do Zagallo durante uma entrevista?
De qualquer forma o conteúdo é interessante. Basta acessar o G1.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Leituras proveitosas nos jornais desta sexta

Duas reportagens nas edições desta sexta-feira da Folha de Londrina e da Gazeta do Povo fortalecem nos leitores paranaenses a sensação de que apesar da maré baixa da mídia estadual ainda se trabalha com a informação com seriedade e comprometimento.

A Folha traz na página 3 do caderno Folha Cidades uma reportagem assinada pela jornalista Micaela Orikasa, com fotos de Saulo Ohara, sobre os nordestinos que estão há décadas em Assai.

São trabalhadores que fugiram da seca e vieram de pau-de-arara ao Sul do Brasil. Em Assai encontraram ocupações nas propriedades de algodão e de café dos colonos japoneses, principalmente na localidade de Pau d’Alho.

Personagens da história do Norte do Paraná, por anos estas pessoas não passaram de meras ferramentas de trabalho. Até a presença delas nas ruas centrais da pequena Assaí causava surpresa, pois predominava por ali a população com descendência japonesa.

Os nordestinos ganharam a cidade a partir do início do fenômeno dos dekasseguis, quando muito jovens nisseis e sanseis de Assai foram trabalhar no Japão. O resultado foi uma mudança brusca e acentuada no perfil populacional do município: a cidade com fortes traços japoneses nas construções, quitandas, letreiros, hábitos e até nos sons, porque nas conversas de rua os nipo-brasileiros costumavam usar a língua japonesa para se comunicar, passou a conviver sem diferenças com sotaques e costumes diferentes.

A jornalista Micaela Orikasa tem um texto de crônica. É da nova safra de profissionais e se for estimulada a trabalhar este estilo terá sempre a sua produção lida. Essa é uma das provas de que texto grande não amedronta leitura. O que contribuiu com a fuga do leitor é o texto ruim, seja num espaço onde caberia apenas uma nota ou num espelho de meio de caderno.
A Gazeta do Povo traz na página 4 do primeiro caderno um reportagem que devia corar de vergonha os políticos paranaenses, sejam eles governadores, secretários estaduais,  prefeitos, vereadores, assessores de alguma coisa ou subordinados de assessores de algum lugar. O título: PR é o que menos gastou com segurança na década.

Mais do que apenas reproduzir informações obtidas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a reportagem, assinada pela jornalista Katia Brembatti, vai além ao cruzar dados e concluir que o Paraná é o sexto pior na qualidade do investimento em segurança pública na década, atrás de Piauí, Maranhão, Ceará, Roraima e Amapá.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CONFIRMADO: Fernanda Mazzini, chefe de redação da Folha, fala na segunda reunião preparatória

A linha editorial da Folha de Londrina será o tema da palestra-debate da segunda reunião preparatória ao 1º Fórum de Democratização da Informação de Cambé. O evento será realizado no dia 12 de agosto, uma sexta-feira, no Centro Cultural de Cambé, a partir das 19h30.
Quem vai falar sobre o assunto é a chefe de redação da Folha, Fernanda Mazzini, que assumiu o cargo no início deste ano. Ela é a sexta chefe de redação a partir da compra do jornal pelo empresário José Eduardo de Andrade Vieira.

O primeiro foi Nelson Merlin, que assumiu a direção de jornalismo da Folha logo após fechada a negociação entre Vieira e a família Macarini. Merlin veio de São Paulo e boa parte de sua carreira no jornalismo foi em O Estado de São Paulo. Na época, a pretensão era de fazer da Folha de Londrina uma publicação de importância nacional. Em um evento interno a direção da Folha chegou a mencionar o objetivo de transformar o jornal na terceira publicação do Mercosul.

Após Merlin assumiu a direção de jornalismo um prata da casa, o jornalista João Arruda. Ele foi substituído por Tereza Urban, que coordenava a Sucursal do Paraná de O Estado de São Paulo, em Curitiba. Na época foi extinto o cargo de diretor de jornalismo e Tereza foi a primeira chefe de redação da linha sucessória da Folha.

Foi no comando de Tereza Urban que a Folha sofreu novas mudanças editoriais e gráficas, pois o jornal teve que se adequar à sua situação econômica reduzindo alguns cadernos e o quadro de profissionais. Essas reformas foram preparadas por Tereza e implantadas pelo seu sucessor, Walter Ogama, também um prata da casa.

Na seqüência a chefia de redação foi ocupada por Oswaldo Petrin, que foi substituído por Fernanda Mazzini. A missão da nova chefe de redação é de resgatar a força editorial da Folha na região e no Estado.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Artigo – É como um calo no meio da cabeça

Walter Ogama -  Feito o lápis que marca o lado externo do dedo indicador bem onde existe a segunda dobra a partir da unha, ela deixa sinais que de repente viram feridas e nunca cicatrizam. Às vezes a ponta do lápis é grossa. O grafite parece uma cera teimosa. Os rabiscos não saem. Fica apenas uma sombra no papel, acinzentada, opaca, grossa. Ainda assim o que se vê ali transmite algum tipo de mensagem.

A insistência é fatal. Mais riscos e letras desenhados. Depois palavras, frases e algum texto. A pele do indicador engrossa. O corpo de madeira que envolve o grafite faz pressão também no polegar, naquele ponto que se usa para tirar a impressão digital. E a pele grossa vira calo.

Calos se cultivam. Há quem as use como um atestado. Quanto mais calos, mais enxadões puxados. Mãos lisas e macias podem ser sinônimo de não fazer nada. Concepção injusta? Depende.

Na roça isso sempre foi verdade. Assim como é entre os garis, os coletores de lixo, os que usam as mãos como alavanca para suspender alguma coisa, pás para transportar objetos, pegadores de pingentes para sustentar o corpo nas viagens diárias de idas e voltas em ônibus lotados.

A ética é como o lápis. É um livre arbítrio, uma decisão individual. Usa-se o lápis quando extremamente necessário quando a opção é tecnológica. Então o teclado desenha letras e formam palavras no monitor. Ou faz-se uso do lápis como um complemento do bolso da camisa. Ela vai servir durante o dia para esboçar alguma coisa. No mínimo anota-se com ela um telefone que vai gerar uma comunicação importante. Ou, pelo menos, um recado animador.

É assim também com a ética. Ela pode ser mantida num quadro pendurado na parede. Ou dentro de uma agenda convencional, de papel encadernado. Na era tecnológica, reserva-se um arquivo na memória do computador. E recorre-se a ela quando preciso. Numa versão mais corrente, quando eu sou vítima da falta de ética. Porque pouco interessa eu deixar de ser ético. Mentira? Atire a pedra agora.

A comunicação é um ofício cujo artesão trabalha sentado na mola mestra que a impulsiona. Há quem se ajeite nela e se sinta confortável em todos os instantes. Há quem se agite com freqüência quando num giro brusco da cadeira improvisada ela torture e exija reposicionamentos.

A ética na comunicação não é um calo na bunda. É um calo no cérebro.  

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ética também pesa na relação comercial do jornal

Coloque-se no lugar de um comerciante que precisa divulgar o seu produto para melhorar o movimento de sua loja e sair do prejuízo. O primeiro passo é analisar o tipo de público que ele pretende atingir. Se ele montou uma loja de roupas é certeza que quando planejou o empreendimento o fez com base em um nicho que considerou viável. Só confecções masculinas de alto padrão? Roupas femininas populares? Crianças? Idosos? Todos os públicos?
Se a linha é popular e o consumidor visado é geral, um analista recomendaria o rádio, principalmente AM. O reforço seria o panfleto de baixo custo para ser distribuído em pontos estratégicos. Jamais o material poderia ser distribuído em semáforos das esquinas centrais da cidade, pois este tipo de ação com um material mais simples irrita motoristas e passageiros.

Normalmente as grandes empresas, principalmente do setor de imóveis e de veículos, entregam nos semáforos impressos de alto padrão que quebram a resistência do humano que está dirigindo um carro e pára na esquina ou, no mínimo, reduz a vontade de xingar por ter sido obrigado a abrir o vidro do veículo para receber uma propaganda.

Um empresário de pequeno porte jamais contrataria uma agência. O custo é elevado e o lucro obtido com uma campanha iria para o ralo. Esta é a verdade. Alguns grupos econômico de porte se iludem com as agências ou optam por uma política de boa vizinhança em determinadas campanhas.

Para perceber isso basta se fazer uma pergunta: para quem tal loja quer vender um fogão de linha secundária anunciando num jornal que é só lido por quem prefere um fogão de primeira? Acertos, claro, muitas vezes fechados entre os corretores do jornal e da agência, sem que o anunciante saiba o que está acontecendo. Às vezes são acertos que contemplam duas partes, menos o anunciante.

Em localidades pequenas os engodos costumam ser mais letais. As publicações locais não são auditadas. O dono do jornal diz que imprime cinco mil exemplares e distribui em 80 por cento do município. Mas isso nunca é comprovado. Aliás, em determinadas circunstância a disparidade entre o que é informado e a realidade é enorme e visível sem óculos e aparelho de raio x. Isso sem falar na precária produção editorial.

Mas por não dispor de outros meios o empresário aposta e anuncia. E tem a esperança de retorno. Foi um investimento à queima roupa, disparado para algum lugar. Por mais barato que seja o centímetro por coluna, esse investimento vai fazer falta no caixa.

Se não houver retorno ele jamais anunciará no mesmo veículo. E o dono do jornal não sabe porque não vende anúncio.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Notícias são atrasadas e circulação é antecipada

O formato é standart e a primeira impressão após o manuseio é a de que se trata de um grande jornal, apesar da reduzida quantidade de páginas. Eventualmente a publicação é distribuída com dois cadernos. Chega, porém, com caderno único na maioria das vezes.

A batida dos olhos na capa leva o leitor à uma busca: cadê a manchete? O que ele encontra é uma frase solta acima do texto. Sem verbo e sem impacto aquilo que entrou no lugar da manchete é um penduricalho que ocupa espaço. Quando bem diagramado é apenas um enfeite. Senão...

Se a matéria abre da capa ocupa meia página, na primeira dobra da publicação, o resto é preenchido com um amontoado de anúncios. É isso que acontece na edição do dia 01 de agosto de 2011. A matéria usada como manchete é de um assunto que aconteceu há cerca de duas semanas. E é matéria mesmo, não é manchete de capa.

O jornal chegou às ruas antes da data da edição. Uma antecipação muito maior do que as das edições domingueiras dos jornais convencionais de porte médio para cima, que chegam aos assinantes nas tardes de sábado. A periodicidade, ao que se informa, é semanal. Mas há semanas que a publicação desaparece.

Quanto ao conteúdo, lê-se o tal periódico com a impressão de “já vi isto em algum lugar”. As matérias publicas são retiradas do site oficial da Prefeitura de Cambé e na maioria das vezes não passam por um redator e um editor. São coladas inteiras, sem mexer vírgula e ponto. Na edição de 01 de agosto apenas uma matéria é produção própria.

O perfil é do jornal mais antigo de Cambé, o Cambé Notícias. Fundado em 1963, pertence atualmente a Wilson Vidotto, que responde como diretor e editor.