terça-feira, 3 de abril de 2012

Mais um pouquinho de paciência, gente!

Aproveito a Semana Santa para tentar ser santo. Do tipo mártir, submisso, alinhado ao convencional e meio que disposto a dar a outra face. É o tempo que preciso para repensar o meu blog de contos, crônicas e reportagens e os blogs nas quais tenho participação, o das batalhadoras e o do fórum de jornalismo. Peço, assim, desculpas aos meus poucos mas valiosos leitores/seguidores. Prometo voltar com carga após esse tempo de reflexão.

Tenho, aliás, expectativas. Sem elas a gente sucumbe. Quero no blog de contos, crônicas e reportagens ser criativo. Atualmente só de vez em quando consigo isso tantas são as tarefas diárias. Chega uma hora de vazio após escrever um monte de textos profissionais. Sim, sou empregado e se não recebo por linha escrita às vezes me vejo obrigado a redigir o protocolo de um cerimonial com criatividade e desenvoltura tamanha para evitar que o público presente adormeça.

É mole? Pelo contrário, é dureza. A cada minuto surge um desafio e de vez em quando é preciso tirar água da pedra em plena estiagem. É, o sol castiga e o salário é muito suado. De sobra a gente leva uma sacola de desaforos de desafetos que nos tornam inimigos por inveja.

Quanto ao blog das batalhadoras. Ah, se fosse por mim eu transformaria aquilo num canal de comunicação da comunidade! Por enquanto sou o articulista solitário que redige de acordo com convicções e princípios que são exclusivamente meus. Admito: não é a fórmula adequada para um blog de comunidade. 

Então dou-me ao direito de defesa e digo que não estou, por enquanto, em condições de contato mais constante com aquela população. O problema é geográfico e financeiro, pois moro na zona oeste de Londrina, trabalho em Cambé e a sede das batalhadoras fica na zona sul de Londrina.

Mas prometo uma reavaliação após conversas com a diretoria da entidade. Aliás, preciso que a própria comunidade me abasteça com informações, pois a redação e a postagem do que as pessoas querem colocar no blog fica por minha conta e eu faço isso entre a noite e a madrugada. Com satisfação e muito tesão de escrever. É isso que eu sei fazer.

Também espero novidades no fórum de jornalismo. Isso vou deixar para depois, mas a expectativa é animadora. E por enquanto, mais uma vez, peço paciência aos meus poucos mas valorosos leitores. Vai bombar muito em breve com acontecimentos importantes sobre o jornalismo ético da região.

(Walter Ogama) 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Opinião - Pai, por que me abandonaste?

Faz mais de dois mil anos que aquele homem, após ser traído, chicoteado e caminhar longa distância carregando uma cruz de madeira nos ombros, foi pregado a ela. Fincada a cruz o homem, minutos antes de morrer, deixou algumas palavras, na forma de uma pergunta: “Pai, por que me abandonaste?”

A Bíblia tem uma explicação lógica e provavelmente conveniente para aquela manifestação. Ele, como filho de Deus, estava na terra como homem. E quando os ladrões que foram crucificados com ele perguntaram com ironia por que, sendo filho Dele, não merecia a interferência da salvação daquele momento de sofrimento e agonia, o livro sagrado responde que Jesus, em carne, pagava naquele momento por todos os nossos pecados.

E se a manifestação Suprema não se deu naquele momento crucial, ocorreu a partir da remoção milagrosa da pesada pedra que fechava o túmulo e então com a ressurreição. Esta seria a prova de que o homem torturado e morto era mesmo filho de Deus.

Claro, aqui neste texto dou-me à permissão de ser intérprete da leitura da Bíblia. A intenção não é de transcrever literalmente o que o Livro nos diz. E ouso, embora sabendo de discordâncias de pessoas subsidiadas em anos de estudos sobre o assunto e outras nem tanto, mas apegadas a uma fé que se torna paixão, questionar: a provação na forma de tamanha violência foi em vão?

A guerra religiosa de milênios ainda perdura naqueles mesmo locais. Só que agora não são com o uso de pedras, lanças e flechas. A tecnologia permite hoje muito mais mortes num único ato. Não há mais necessidade de cruz de madeira. As armas são modernas e às vezes as guerras são químicas. Irlanda do Sul e Irlanda do Norte passaram bons pares dos últimos anos matando e sofrendo baixas. Nesse caso a explicação lógica era o conflito religioso, mas com a estampa inegável dos interesses políticos. Assim como lá e em diferentes fases da história.

O comunismo e o capitalismo em suas variadas configurações também envolveram nos embates os apegos materiais de uns e os espirituais de outros. E dirão, alguns analistas, que este conflito nada teve a ver com a fé. Mas ela foi em significativos momentos a grandeza que gerou discordâncias porque do bom ou mau uso dela é que se formulavam os preceitos da economia e da política.

Especialmente no Brasil temos nesta exata etapa de nossas vidas a guerra que põe no lixo toda a nossa base cultural, onde entram a fé e a religião, a democracia e a política, a educação e o respeito para com o próximo e assim por diante. É uma guerra de valores, ou melhor, contra os valores. A permissividade é aceita com naturalidade. A roubalheira é descarada e vista como normalidade. Homens e mulheres participam das missas e dos cultos dominicais e fora dos templos e das igrejas agridem, submetem, ridicularizam, destratam e desprezam. E justificam que foi em defesa própria.

Sim, defesa própria. Aquele homem, pelo que consta no Livro, não foi torturado e morto porque pego em um ato de defesa própria. Assim consta na Escritura Sagrada: ele foi chicoteado, caminhou com a pesada cruz no ombro, foi pregado a ela e morreu, deixando aquelas palavras que devemos, dois mil anos depois, lembrar diariamente para conhecer o seu real significado: “Pai, por que me abandonaste?”

(Walter Ogama)