O jornalismo está nos jornais dos últimos dias com mais espaço. Mas em nenhum momento, exceto a matéria de uma promoção interna da Folha de S.Paulo, o conteúdo leva à suposição de um jornalismo em causa própria. Pelo contrário. Os acontecimentos é que exigem matérias.
A morte da jornalista americana Marie Colvin, do Sunday Times, e do fotógrafo francês Remi Ochlik estão em todas as publicações. Ambos cobriam os conflitos na Síria e eram experientes como correspondentes de guerra. Marie usava um tapa-olho após sofrer ferimento em 2001, no Sri Lanka.
Merece certa menção: na página A14 – Mundo da Folha de S.Paulo, edição desta quinta, 23 de fevereiro de 2012, a manchete é: “Sem informações, mães se desesperam em busca dos filhos”. A matéria é sequência do acidente ferroviário em Buenos Aires com 49 mortes e cerca de 600 feridos. Parece euforismo, mas é a realidade.
O Estado de S.Paulo traz matéria nesta quinta sobre o processo no Pará contra o jornalista Lúcio Flávio Pinto, que chamou um empresário de “pirata fundiário”. A notícia é que o jornalista não vai recorrer no Superior Tribunal de Justiça de sentença indenizatória.
No sábado, 18 de fevereiro, os jornais trouxeram a morte na Síria do repórter do New York Times, Anthony Shadid. Ele estava doente e a linha fina diz: “Asmático, Anthony Shadid, de 43 anos, caminhou até a morte atrás de cavalos, aos quais era alérgico, para manter disfarce de morador local”.
Na segunda-feira, dia 20, o Estado trouxe reportagem sobre reforma do Washington Post. É bem aquela idéia: usar o meio digital para fortalecer o convencional. Bem ao contrários daquilo que foi feito anos atrás pelos jornais de porte médio do Brasil: o nicho é a internet então vamos avacalhar no impresso.
Também nesta quinta, no Estado, um artigo do jornalista e professor da ECA-USP e da ESPM, Eugênio Bucci, em homenagem a Alberto Dines. Na abertura, Eugênio menciona Dines, em O Papel do Jornal: “Dizer que jornal é trabalho de equipe é dizer muito pouco. Jornal bem-sucedido é trabalho de uma orquestra de personalidades e idéias diferentes ou mesmo antagônicas, porém complementares, harmonizadas e equilibradas por normas ou metas comuns”.
E na Folha de S.Paulo desta quinta, página A9, o fato absurdo noticiado com certa alfinetada: a Empresa Brasil de Comunicação, que é estatal e quase ninguém assiste, vai investir R$ 543,21 mil anuais em uma equipe de correspondentes em diferentes países do planeta. É gasto do dinheiro público para fazer papel de uma agência de notícias. Este não é o papel da EBC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário