Um amigo me fez uma pergunta: algum jornalista de Londrina enriqueceu com a profissão? Pergunta difícil. Pensei e detectei dois nesses quase trinta anos de carreira em redações e agora em assessoria de imprensa.
Mas fiz ressalvas: não ficaram ricos, mas conseguiram construir casarões. Alguns outros que tentei lembrar ajuntaram um certo patrimônio, mas nada além do carro na garagem e da casa que se não é um luxo não deixa a desejar. Talvez uma chácara entre modesta e razoável além do básico, mais para consolidar um projeto antigo.
Para o amigo dei nomes aos bois e soube, com segurança e certeza, enumerar porque dois conseguiram mais do que a maioria e alguns nada obtiveram. Lembrei inclusive do velho amigo Estélio. Ela, com mais de quarenta anos numa redação, morreu. Deixou pára a pessoa que esteve ao lado dele nos últimos anos de vida um apartamento que comprou com o dinheiro do fundo de garantia. Nada mais.
Lembrei que um desses que conseguiu construir um casarão passou pela redação de um jornal e anos depois eu soube, de fontes seguras, que o prefeito de uma cidade da região bancou por anos um salário para o cara colocar matérias no jornal.
O outro também usou muito de oportunista. Então confrontei estes dois profissionais usando como quesito a inteligência: um era fraquíssimo e só podia enriquecer com um jabá do tipo ofertado na bandeja. O outro era inteligente e sabia de jornalismo. Só tinha o defeito de usar da sabedoria para tirar vantagens.
Sou obrigado a usar deste enfoque, pois não podemos negar que há corrupção também no nosso meio. Na verdade, nunca fui celebridade, até porque quando tive a oportunidade de ser decidi não sê-lo. Errei? Acho que sim. Me danei e tive portas fechadas e costas dadas, inclusive por parte de alguns colegas. Isso dói? Claro que deixa marcas, mas sou feliz.
Lembro daquela colega, aliás amiga, que quando me exonerei de um jornal ouviu a versão do meu patrão sobre o motivo do meu afastamento e não me consultou. Lembro também do cara demitido diretamente pelo RH da empresa, o que me levou ao pedido de exoneração. E ele saiu dizendo para os colegas, inclusive do sindicato, que eu é que havia demitido ele por uma razão muito simples: ela fazia sombra para mim...
Esse tipo de depoimento mexe na sujeira. Estou me expondo porque não devo nada. Está na hora de escrever sobre isso (Walter Ogama).
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