A cruz e a espada estão em ambos os lados, redação de jornal e assessoria de imprensa. Tenho refletido muito sobre este assunto. Ingressei no jornalismo em 1981 como redator do então Jornal das Sete, da TV Coroados, na condição de auxiliar do editor Chico Amaro. Daquele tempo eu lembro da greve dos funcionários da Florença, ao lado da emissora. O jornalismo da Coroados não deu uma nota.
Depois fui fazer jornal em Cambé. Era um jornal atrelado à administração municipal e eu, como redator, me sentia um assessor de imprensa. Ainda assim dispunha de espaço para produzir boas reportagens sobre assuntos da comunidade. Era um alívio.
Após passar pela assessoria de comunicação da Universidade Estadual de Londrina fui para a Folha, onde integrei inicialmente a equipe da Editoria Local, que tinha como editor Edilson Leal de Oliveira. Foram 18 anos no jornal e nunca tive a oportunidade de fazer aquela matéria para disputar prêmio.
Aliás, com um ano de Folha, ao ser promovido para a então Editoria Especial do jornal por iniciativa do diretor de jornalismo Walmor Macarini, eu fui alertado por um veterano: caso eu aceitasse a promoção e fosse para a Especial eu iria ser destacado somente para fazer fuleragem. Isto porque, na avaliação do veterano que me fez o alerta, eu era um foca que não tinha status para ser um repórter especial. Teimei e me dei mal. Só fui escalado para fazer fuleragem...
Depois virei redator, editor e coordenador da Tereza Urban, até substitui-la na chefia de redação. Tereza me ensinou muito. Ela não era de meias palavras. Errou, pede desculpas ao leitor. Também lecionei por dois anos na UEL e fui editor-chefe de A Notícia em Santa Catarina. Isso até 2008, quando integrei equipe de político na condição de assessor de comunicação. Agora continuo assessor, mas de prefeitura.
Foram, portanto, 27 anos em redação de jornal. Estou assessor há três anos e poucos meses. Eu que no passado discriminei assessor de imprensa agora sou um. E não é por conformismo: se um profissional pode se manchar atuando em assessoria este mesmo profissional tende a ficar enlameado na redação de um jornal. O cumprimento da ética não está no local onde se atua. Está no caráter de quem atua.
Aliás: me pergunto diariamente: é mais fácil enfrentar diretamente o patrão que pede matéria mentirosa ou o empresário ou político que em troca de certos favores manda o dono do jornal enterrar uma pauta?
Complicado, não?
E na Folha toquei projeto de redução do jornal e da equipe por culpa de uma crise econômica da empresa. O meu próprio sindicato me considerou um sacana por isso. É mole?
(Texto de Walter Ogama)
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