O ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, poderia estar na boa agora não fosse as bisbilhotagens desses inconvenientes jornalistas que produziram reportagens mostrando irregularidades na pasta que ele comandava. Ele passaria o Natal e festejaria a passagem de ano como ministro. Continuaria a comandar sob suspeita, mas apenas nos olhares de alguns superiores e de uma minoria de subordinados, estes metidos a besta que costumam criar casos para os chefes.
Não fosse a imprensa, Lupi não teria a obrigação de fazer uma declaração pública de amor à presidente Dilma Rousseff. Vixe, pegou muito mal! Soou falso, arranjado, dito sob pressão, da forma errada e em momento impróprio. Lupi, um pedetista, esqueceu que a chefe dele é a presidente da República de um país de cerca de 200 milhões de pessoas. E não se declara amor assim, descaradamente, a uma autoridade do porte de uma presidente de um país como o Brasil. Isso aqui não é o governo paralelo da Rocinha ou do Complexo do Alemão. Estamos falando do Brasil.
Até saíram em defesa do equivocado amante. Um dos defensores, o ministro de alguma coisa Paulo Bernardo – a pasta dele é as comunicações, mas não se sabe do que -, aproveitou o gancho e andou dizendo que também declararia amor à presidente Dilma. Então, ministro, se prepare. Este tipo de declaração é próprio de quem está para deixar de ser ministro. Quem sabe o senhor passe as pernas no seu colega Mário Negromonte, hoje ministro das Cidades, que aparece como bola da vez?
A diferença é que Negromonte tem um baita ministério e, a despeito de supostas falcatruas que já ganharam as páginas dos jornais, dá a impressão de ser um marido traído. Sim, deve ser daqueles que autorizam coisas erradas mas não comem fatias do bolo. E comunicações, meu amor, na atual circunstância representa muito pouco na estrutura da senhora Dilma Rousseff. O Hélio Costa, na época do Lula, aparecia e bem. O sucessor parece que foi enterrado.
Então, a culpa é dos jornalistas. Até por enterros de pretéritos amantes. Realmente. E sempre será culpa da imprensa. Ministro que cai, ministro que entra, ministro que fica, ministro que se esborracha, ministro que fala besteira, ministro que cede às irregularidades, ministro que solta um pum. Tudo é culpa da imprensa.
E se não fosse essa malfadada imprensa Lupi festejaria a confraternização de Natal junto com o time do primeiro escalão. Teria inclusive como fazer a viagem de início de ano, com a família, num aviãozinho emprestado de algum empresário. Aliás, por culpa da imprensa Lupi teve que exagerar na sua declaração de amor. Não fosse a imprensa, ele poderia aproveitar as reuniões ministeriais e num canto do corredor, longe dos olhares e dos ouvidos curiosos, ajoelhar-se aos pés da amada.
A imprensa, enfim, desfez muito do projeto de Lupi, até no campo sentimental. Mas de uma coisa a imprensa tem lá muito mérito: o brasileiro sabe agora que tinha um ministro do Trabalho verborragicamente incorreto. Quantas besteiras ele foi obrigado a dizer em tão pouco tempo de reinado.
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