A diferença é gritante. Nos anos da ditadura militar existiam os nanicos que assim eram chamados mais por estarem fora do circuíto comercial. Ou melhor, não eram jornais convencionais. Alguns difundiam posicionamentos, outros iam mais além e trabalhavam ideologias num tempo em que tudo o que fosse contra o regime era subversivo.
Dentre as publicações mais ousadas e notáveis ficam na frente, sempre e sempre, títulos como o Pasquim e o Movimento. Mas publicações patrocinadas por outros segmentos também ousavam e se destacavam. Paralelamente ao Pasquin e ao Movimento circulava nacionalmente o Versus. Também surgiu uma publicação assinada pela Convergência Socialista.
Claro, já naquela época se falava em imprensa marrom. E por que não? Obviamente porque desde lá já existia o pequeno jornalismo de acertos. Jornais de conveniência, de lucro fácil, de troca de favores, de oportunistas. Então aqui é possível comparar o que existe de diferente entre pequeno jornal e jornal pequeno.
O jornal pequeno não é aquele impresso em papel de proporção reduzida. Um A4, por exemplo. Um tablóide. O jornal pequeno também não recebe esta denominação por causa da quantidade de páginas. A definição é conceitual: jornal pequeno está relacionado com pequenez de conteúdo.
Hoje em dia o jornal pequeno é aquele cujo proprietário, que na maioria das vezes não é jornalista, visita os gabinetes políticos e de órgãos públicos para "pegar matéria pronta" em troca de um favor econômico. Caso o favor seja negado o jornal não circula. Ou, em hipótese mais perversa, se não sai dinheiro dali tira-se de outro lugar. Quem dá o patrocínio vira herói. Quem nega se transforma de uma edição a outra de mocinho a bandido.
Já os pequenos jornais são referências para os títulos que não são convencionais, mas mesmo em formatos menores e com poucas páginas são expressivos. A diferença, portanto, está no conteúdo. Pequenos jornais costumam interessar para um segmento da sociedade. Jornais pequenos não interessam a ninguém.
Por isso seus donos costumam anunciar dez mil exemplares mas só rodam mil. Para que gastar papel e dinheiro? O mais difícil de entender: tem anunciante que acredite em jornal pequeno.
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