Uma das mais fortes oposição ao projeto de lei foi da Federação Nacional dos Jornalistas, a Fenaj. Sete anos passados, é descabido debater equívocos cometidos pelas duas partes, apoiadores do PPP e contrários, se bem que ambos os lados cometeram deslizes e injustiças gritantes em suas análises. Um por ser um político empresário da comunicação a defender interesses restritos; outro por representar nacionalmente uma categoria e desprezar particularidades da profissão que são mais acentuadas em pequenas localidades.
Mas vale, sim, mencionar os equívocos dos profissionais em relação a sua profissão de jornalista. Não é pelo fato de trabalharmos com o intelecto na produção inclusive de matéria de chá de cozinha ou de pequenas ocorrências policiais que somos diferentes dos demais trabalhadores. Somos, sim, trabahadores. Exceto aqueles que optaram pelo freelancer por decisão própria, e não por desajustes do mercado, somos, sim, trabalhadores.
Se na iniciativa privada dependemos do 13º para melhorar a nossa renda anual, do proporcional de férias, da Previdência Social, do vale refeição, no poder público somos servidores que dependem de todas as garantias para que possamos sobreviver com os nossos ganhos. Nos pagam mal e não temos como destinar parte dos nossos salários para almoços freqüentes em locais de alto padrão, planos de saúde de elevado peso orçamentário, regalias, influências e outras benesses que só são aceitas por quem não tem ética.
Ter carteirinha de jornalista para entrar de graça no teatro é coisa de alguns desses que aproveitam, neste momento, a dispensa do diploma de jornalista para obterem o registro profissional, que garante, entre outras maracutaias, as bocas livres promovidas pelas associações comerciais e sociedades rurais.
O jornalista não é um deus, mesmo que escrito em minúsculo. Jornalista é trabalhador com compromisso social e ético. No ambiente de trabalho sofre diariamente assédio moral desferido por empregadores prontos para responder a qualquer contestação sobre o regime de trabalho com a demissão.
Lembramos de um final de ano, na crise da Folha de Londrina. A turma da redação deixava o prédio da Rua Piauí lá pelas dez e meia da noite. Os londrinenses retornavam para suas casas após as compras de Natal. Os jornalistas atravessavam o Calçadão de Londrina de mãos e bolsos vazios, amargando um período de atraso nos salários e sem expectativa de décimo-terceiro. Jornalista não é rei, mesmo em minúsculo. Jornalista é trabalhador. Chega de querer ser diferente. Sem essa de colocar intelectualidade numa categoria que não tem dinheiro nem para assinaturas de jornais e revistas.
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