Seria uma forma de impedir a leitura do Correio Braziliense, lançado em julho daquele ano por Hipólito da Costa? Rodada na Imprensa Régia, a Gazeta do Rio de Janeiro era o veículo de comunicação oficial da Corte Portuguesa no Brasi. O Correio Braziliense, editado e rodado em Londres, era o jornal de oposição.
Editado pelo Frei Tibúrcio José da Rocha, a Gazeta do Rio de Janeiro dedicava seus espaços aos comunicados de governo e aos louvores à família real. Continha também informes sobre a política internacional, com destaque para os conflitos napoleônicos e a situação das colônias americanas da Espanha.
A Gazeta do Rio de Janeiro circulou até a Independência do Brasil, após ter a denominação alterada, em 29 de dezembro de 1821, para Gazeta do Rio. Mas não foi a Independência uma trava para as publicações chapa branca. O primeiro jornal oficial do Brasil foi, em pouco tempo, substituído pelo Diário Fluminense, de Dom Pedro I, e o Diário do Governo, de Pedro II.
Ainda sobre a Gazeta do Rio de Janeiro, o trecho de uma carta escrita em 1818 pelo bibliotecário real Luís dos Santos Marrocos ao seu pai, em Portugal: “Devo advertir que nelas (notícias) há muita falta de exação e muita mentira, que não posso desculpar, pois, narrando com entusiasmo coisas não existentes ou dando valor a ninharias, cai no absurdo, ou talvez no desaforo, de não publicar fatos e circunstâncias ainda mais essenciais daquele ato.”
Enfim, nada mudou. E há quem provavelmente comemore neste sábado, 10 de setembro, os 203 anos do lançamento do primeiro chapa branca do Brasil. Entre os festeiros, representações das duas partes deverão de alinhar: donos de jornais comprometidos e potenciais clientes.
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