“Os que não têm um jornalismo pelo qual os leitores se dispõem a pagar não conseguem ter assinantes online suficientes.” O recado é de Earl Wilkinson, diretor-executivo da International Newsmedia Marketing Association (INMA), que participa de evento em São Paulo. A análise deste Fórum de Jornalismo sobre o evento é com base na reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, edição de 22 de novembro de 2011, Caderno de Economia, página B15, Negócios.
O recado de Earl Wilkinson foi dado a dezenas de representantes de jornais de toda a América Latina que estão reunidos para encontrar soluções que “recuperem a rentabilidade perdida desde que os jornais começaram a assistir a migração de seus leitores para canais online de notícias”, conforme transcrito do texto assinado pela jornalista Marili Ribeiro.
De um jeito desaforado, podemos considerar que a preocupação dos executivos de jornais é com o barulho do cofrinho quando ele é agitado. Houve tempos em que o moedeiro, de tão lotado, nem barulho fazia. Agora ele balança e faz um som falso, de níquel batendo nas bordas. E o lucro só se mede com o barulho de um monte de moedas batendo em tantas outras moedas.
É provável que os participantes do evento esperavam receitas animadoras de baixo custo e sem a necessidade de recorrer aos talentos humanos do jornalismo. Mas o palestrante não veio disposto a apenas agradar. “A chave desse negócio está em difundirmos a percepção de que o jornal é mais que um simples produto, é uma inspiração”, avisou Earl Wilkinson.
Embora o tom do seu discurso seja o da necessidade de pensar o jornal como uma empresa multimídia, o palestrante não abre mão da boa equipe de jornalismo: “Uma boa história apurada pela equipe de jornalistas deve entrar primeiro no smartphone, depois no portal online, para chegar com outra versão à edição do tablet e, só então, receber um tratamento para a versão impressa”, transcreve a autora da reportagem de O Estado de S.Paulo.
O caso do The New York Times, que cobra pela versão online mas oferece, além de todo o conteúdo do jornal mais 20 matérias exclusivas por mês, foi descartado como modelo para as outras publicações. Para Earl, o The New York Times é um raro exemplo de tradição e de leitores fiéis de longa data.
É quando se percebe que, especialmente no Brasil, os executivos das empresas jornalísticas sempre enxergaram o crescimento da era digital pelo avesso. Primeiro reduziram os impressos, transformando-os em chamadas da versão online, “mais completa e com mais detalhes”. Foi uma vã tentativa de economizar papel e reduzir os custos com o pessoal das redações dos impressos.
E, assim, ninguém atrai mais nada. Os impressos não contribuem com a versão online e nem a versão online ajuda os impressos. Pelo contrário: um atrapalha o outro e a qualidade – ou a falta dela – afasta cada vez mais os leitores. Invistam, portanto, em jornalismo de depois debatam as formas de encher novamente os cofrinhos. Verão que é bem mais fácil, senhores.
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