Os jornais repercutem nesta sexta-feira, dia 11 de novembro de 2011, a mais nova posição do ministro do Trabalho, Carlos Lupi: de quatro!
Pois é. Lupi é daquelas pessoas que devem ficar sempre caladas. Porque se abrir a boca hoje para consertar o que disse ontem, amanhã terá que falar de novo para aparar arestas e assim por diante.
Após dizer que só deixaria o cargo a bala, Lupi foi repreendido pelo Palácio do Planalto com a recomendação de se retratar. Foi à Câmara dos Deputados e errou mais uma vez no tom e no conteúdo quando pediu desculpas à presidente Dilma Rousseff e se declarou: “Eu te amo”.
Não se diz isso a uma presidente da República. Principalmente se o dono da voz é um ministro. Eu, você, o frentista do posto, o encarregado da obra, o bancário, o catador de recicláveis poderíamos, se inspirados pelo amor, tentar mandar um recadinho à presidente declarando amá-la.
Mas ministro que é ministro não pode fazer isso e não é só pelo fato de quebrar protocolo. É respeito com a figura da presidente. E se esse amor não é aquele universal, de irmão, pai ou filho, ele teria a liberdade de fazer a declaração de um jeito galante, com uma taça de caro vinho na mão e à luz de vela. Aí sim o cidadão Lupi poderia dizer à cidadã Dilma que a ama. Num lugar reservado.
Toda esta falação por três palavrinhas é para aliviar a tensão da outra ignorância cometida por Lupi: para este fulano, a imprensa é culpada. Culpada porque caem ministros acusados de corrupção; culpada de atrasar as obras para a Copa de 2014; culpada por existir no calendário uma data coincidente, a de 11 de 11 de 11; culpada e culpada e culpada.
Vejam como ele se complica: “São 200 (jornalistas) dando tiro na gente. Eu falei nesse sentido, nunca desafiando” (transcrição Folha de Londrina). Isso foi para tentar justificar que foi por isso que afirmou que só deixaria o cargo a bala.
Talvez ele tenha confundido as indagações dos jornalistas sobre as denúncias de irregularidades em seu ministério com algo como “um bombardeio dos profissionais de comunicação”. Isso é coloquial, ministro. Bombardeio de perguntas é uma espécie de gíria.
Outra pérola tirada da casca: “Hoje, a bolsa de apostas da mídia é saber quem vai ser o próximo. Quando se começa atirar em um soldado do Exército é para atingir o general” (transcrição Folha de Londrina). Não há bolsa de apostas, senhor ministro. Então vamos do confronto armado que o senhor usa como metáfora para o futebol: a grande torcida é para que todas as partidas terminem em vitória; que nenhum ministro seja motivo de suspeitas; e que o governo faça o que tem que ser feito.
Então, se é para entrar no mercado financeiro em cima dos acontecimentos que infelizmente o governo protagoniza, vamos apostar nessa sua bolsa: quantos dias o ministro continua ministro? Um, dois, três, quatro ou dez dias? Alguns místicos dizem que o 11 de 11 de 11 é de mudanças. Haverá novidades no Ministério do Trabalho? A data é muito oportuna, senhora presidente.
Ah, quanto ao “eu te amo” declarado pelo ministro, existe uma leve polêmica. Há quem diga que o certo é “amo-te”. Mas é polêmica que não se sustenta, pois todo mundo diz que o que vale é o coloquial e o que realmente se sente. Então, vamos destravar a arma e atirar.
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