Então porque a polícia quer fechar um acordo com os meios de comunicação e os profissionais que nela atuam para estabelecer uma regra de cobertura jornalística? Acaso a polícia está assumindo a culpa pela morte do cinegrafista? Como dissemos na postagem anterior, é claro que se a polícia levou alguns jornalistas a tiracolo para o palco do confronto, como se eles fossem assessores de imprensa da operação, a culpa seria dela mesma, a polícia.
Caso isso não tenha acontecido, a falha da polícia foi por não ter armado um isolamento e permitir que os jornalistas corressem atrás. Ainda assim pesa muito a ultrapassada mas muito válida tese da vitimologia: se eu consegui fotografar o bandido atirando contra a polícia lá de cima, significa que eu estava exposto. Escondido atrás de uma pedra eu jamais conseguiria fazer o registro fotográfico (ou, no caso, cinematográfico).
Então polícia que é polícia não precisa fazer regra com os jornalistas para a cobertura jornalística de um confronto armado. Polícia que é polícia tem que agir com estratégias que garantam a segurança de seus homens que estão numa guerra com adversários tão fortemente armados quanto ela. Ou mais, dependendo da situação.
Portanto, polícia que é polícia tem que se preocupar consigo mesma e evitar que terceiros entrem em seu território num momento tão crítico, de balas passando por cima da cabeça. Senão vai que o apresentador Faustão e o BBB Pedro Bial resolvam aproveitar a situação de extrema tensão para gravar uma cena autêntica e sensacionalista? Exageros, não? Mas no Brasil, onde as grandes redes de televisão mandam em tudo, isso é possível. Embora muito hilárico. E chegam os dois rindo e chamando a todos de babacas!
Polícia, assim se repete, tem que garantir o seu território de ação até para que os seus próprios homens não sejam alvejados. Polícia que é polícia não precisa negociar regras. Ali, no meio do tiroteio, polícia manda. Manda inclusive embora pessoas que não são da polícia e correm riscos ou atrapalham.
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