terça-feira, 26 de julho de 2011

Caderno de Economia dá mais crédito à Folha


Uma manchete que contradiz os eufóricos anúncios oficiais sobre mais empregos informais, mais contratações, menos desemprego e mais renda é, no mínimo, um acontecimento pouco comum na mídia regional. Normalmente estas notícias esfuziantes são escancaradas quase sem edição e ganham destaques nas seções a que estão vinculadas e evidência na capa da publicação. E nesse jogo as pessoas que estão desempregadas incorporam, imediatamente, uma sensação de impotência, incapacidade, desacerto, exclusão e revolta. Do tipo: “Por que eu estou fora?”
Recentemente o Jornal Nacional veiculou reportagem com respostas triviais, comuns e enfadonhas para esta pergunta, a partir de consultas a especialistas. E que especialistas, heim? Discursos repetitivos de quem conhece o mercado de trabalho apenas na teoria e a economia nacional só na passagem em frente a um supermercado. Verdade, tem economista que nunca fez compra mensal de alimentos e produtos básicos de limpeza, pois a empregada faz tudo. E para fazer uma análise sobre o aumento dos preços nos supermercados ele nem ouve a empregada, só consulta os indicadores oficiais.
Então por isso a manchete da capa da Folha, edição de 26 de julho, merece referência. Com uma foto em quatro colunas, a chamada usa como chapéu as palavras “DURA REALIDADE”. O título, em duas colunas, traz em cinco linhas: “Emprego em Londrina cresce abaixo da média estadual”. Vamos transcrever o texto da manchete, também em duas colunas e 11 linhas: “À exceção da construção civil, os demais setores da economia londrinense vêm gerando menos empregos nos últimos 10 anos, segundo dados do Ministério do Trabalho. O total de novas vagas aumentou 51% na última década no município; no Paraná, crescimento foi de 61%. Estado gerou mais de 98 mil postos de trabalho no primeiro semestre”. A manchete, em seu conjunto, ocupa toda a primeira dobra da capa da Folha.
No caderno Folha Economia, a matéria que gerou a manchete ocupa toda a capa. Contém o texto abre, duas retrancas de apoio, duas infografias, uma foto e uma janela (frase no meio do texto). Embora os dados tenham como origem o Ministério do Trabalho, o autor da reportagem, Nelson Bortolin, ouve a Associação Comercial e Empresarial de Londrina, a Agência do Trabalhador, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná, a Comissão Especial de Planejamento, Implantação e Acompanhamento Industrial e o Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel).
A Folha Economia tem como editora a jornalista Érika Zanon, que é auxiliada pelo jornalista Luciano Augusto. Diríamos que a reportagem é pé no chão, pois repercute uma estatística e dá um tapa no euforismo que minimiza o desemprego e joga sempre a culpa da falta de oportunidade no mercado de trabalho ao cidadão que depende de um emprego.

Nenhum comentário: