quarta-feira, 6 de julho de 2011

Primeiro a censura política, agora o controle econômico e das redações


A democratização da informação é pauta de uma luta histórica muito antiga no Brasil e remonta o período da colonização do País, com a censura e a proibição de tipografias pela Coroa Portuguesa. Só em 1808 surgiu o primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, editado e impresso por Hypolito da Costa, que estava exilado. No mesmo ano a Imprensa Régia lançou a Gazeta do Rio de Janeiro.

Mas a luta pela democratização da informação só ficou mais evidente no Brasil a partir de 1964, com o regime militar. Naquele período não se falava em democratização da informação, mas havia uma luta diária nas redações dos jornais impressos, de rádio e de televisão. Brigava-se contra a censura imposta pelo regime.

            Os profissionais de jornalismo das médias e grandes redações compartilhavam seus locais de trabalho com censores. A Folha de Londrina tinha dois censores, que liam todas as laudas das produções diárias. A matéria que não estava de acordo era descartada por eles.

            Grandes jornais de circulação nacional substituíam os espaços das matérias censuradas com poesias, letras de música, receitas de bolo. Às vezes, em algumas edições, páginas e páginas dos jornais saiam com receitas de pudim. Era a mensagem metafórica dos editores ao leitor: “A matéria reservada para este espaço foi censurada”.

            Somente cerca de duas décadas depois a luta pela democratização da informação tornou-se concreta, paupável e institucional. Os ares da abertura política já podiam ser respirados. Entre os pensadores e ativistas que haviam sidos expulsos do Brasil pelo regime militar, retornava ao país, após exílio no Canadá, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, irmão do Henfil, o criador do Fradin, da Graúna, do Bode Orelana entre outros.

            Ele criou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, o Ibase, em 1981, junto com Carlos Alberto Afonso, que em anos recentes foi diretor da Rede de Informações para o Terceiro Setor, e Marcos Arruda, que ocupou a diretoria de Políticas Alternativas para o Cone Sul.

            A intenção dos três era de criar uma agência de projetos que monitorasse as políticas públicas, repassando as informações obtidas para a sociedade. Um detalhe interessante: a sigla Ibase surgiu primeiro que o nome Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, pois a intenção era fortalecer resumidamente a frase “Informação para a base”.

Em março de 1995 o Ibase divulgou o resultado de uma pesquisa que teve 300 entrevistados do Rio de Janeiro e de São Paulo. A conclusão foi de que a falta de informações era um grande entrave para o exercício da cidadania na vida brasileira. Foi constatado que a desinformação era maior entre jovens de 16 e 24 anos e entre pessoas com menos escolaridade, apenas com o ensino fundamental.

Anos depois o Ibase fundou o Fórum Nacional pela Democratização da Informação (FNDC), articulação de entidades da sociedade civil formada em 1991. Outra participação fundamental do Ibase foi em 2001, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a criação da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI) – um processo de discussão global, efetuado em duas fases, com a intenção de debater o novo estágio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e seu impacto mundial. Ou seja, a comunicação digital.

O Ibase também foi uma das 600 organizações a participar do 1º Fórum Mundial de Comunicação e Informação (I FMIC), realizado em Porto Alegre no âmbito do Fórum Social Mundial (FSM).

Em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incorporou os méritos desta luta, ao convocar a 1º Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro daquele ano, de acordo com o que estabelece a Constituição Brasileira.

Nenhum comentário: