quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Aquilo que se planta é o que vai dar na colheita

Falar em cultura popular e massificação de acordo com os conceitos convencionais é missão espinhosa. Aqui, portanto, nos apegamos ao não-conceito mesmo sabendo que esta forma pode irar os estudiosos.

É ciência que o termo cultura popular surgiu para contemplar camadas baixas com um pouco daquilo que só os de cima dispunham em relação às manifestações, formas, conteúdos, tamanhos, cores e também abstrações.

Vamos fazer de conta que essa inclinação para baixo seja a massificação. Ou seja, disponibilizar para quem não interessa, que é a maioria, aquilo que é um privilégio restrito de alguns.

Em comunicação de massa, o rádio ainda é o veículo mais acessível para todos. Escuta – ou pode escutar – a caixinha de abelha até quem não gosta das grades de programação. Como se não bastasse, parte das AMs buscou sintonizadores no nicho religioso e as FMs partiram para os diferentes segmentos: música intragável para quem ouve qualquer coisa, som ambiente para consultórios e assim por diante.

No outro extremo, a internet tenta desesperadamente achar um rumo. Assim, apela para as novelas, os ídolos da TV, os BBB da vida, os epsódios diários das demais porcarias que a televisão mostra. Estamos falando dos principais sites de variedades, não nos referimos aos portais dos jornais impressos.

E a TV, com o perdão dos leitores deste texto, omitimos. Ficamos somente com o que dissemos no parágrafo anterior. A tentativa de nos fazer chorar consertando carros, construindo casas, arranjando maridos ou esposas, dando o pedaço das unhas aos pobres é massificação grosseira e estúpida feita nos domingões, sabadões, segundonas e quanto mais dia melhor.

Mas não podemos desconsiderar: é receita que dá certo. Junto com as operadoras de telefonia as grandes redes levam, em ligações que chamam de interativas, dinheiro de gente que não teria como dispor do valor de uma tarifa para patrocinar banalidades.

Tudo na base do apelo emocional. Até as grandes campanhas pelas vítimas de enchentes e outras catástrofes, como também aquelas que tem causa nobre, mas que se diluem nos bastidores e ninguém recebe de volta alguma prestação de contas.

Quanto aos impressos, estes sofrem de uma discriminação cultural imposta pela intelectualidade e pelos próprios empresários do ramo. Dizem que ninguém tem mais tempo para ler. Em cima disso, fazem jornais que parecem almanaques de farmácia, com notícias sem aprofundamento e nem peso de reportagem. Praticamente reproduzem na edição de hoje aquilo que a televisão resumiu ontem, a rádio noticiou e a internet reaproveitou para postar um textinho.

É uma corrente de preguiçosos que tenta fundamentar seus projetos substimando a capacidade do cidadão de ler, escutar, assistir e acessar. Então até a massificação hoje em dia é uma coisa superada. Do jeito que está, nem quem produz informação e entretenimento em alguns desses meios tem saco de conferir depois o que foi impresso ou está no ar.

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