sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Como tratar Che Guevara hoje na imprensa

O rosto do revolucionário estampa camisetas de adolescentes e jovens que pouca referência tem dele. A característica boina com a estrela de cinco pontas, no passado usada por gerações de estudantes que experimentaram o gosto amargo da ditadura, eram usadas nos campus univesitários com certo cuidado. Agora, quando uma boina com estrela cobre a cabeça de alguém, não tenham dúvida: é moda ou manifestação de subversão à moda. Antes era ideologia.

Ernesto Rafael Guevara de la Serna foi pego pelas forças contra-revolucionárias num dia 8 de outubro. O ano era o de 1967. Detido, durou poucas horas. Sua morte por execução foi em 9 de outubro de 1967, na localidade de La Higuera. Che Guevara, como era conhecido, estava com 39 anos de idade.

O Che que ilustrou cartazes, faixas, bolsas de lona dos estudantes de outrora, também se tornou acessível para os de agora. Além de documentários esporadicamente exibidos em canais a cabo, um filme trouxe a história deste ídolo, embora explorando o lado mais aventureiro do homem, a viagem de motocicleta de Buenos Aires a Caracas.

Argentino, Che Guevara era político, jornalista, escritor e médico. Pegou nas armas e foi um dos grandes líderes da Revolução Cubana. Vencedor, participou da reorganização do Estado e ocupou altos cargos naquele país. Sofria de asma. Talvez por isso não tenha suportado o governo. Retornou para a luta armada, incentivando grupos guerilheiros no Congo e na Bolívia.

Neste segundo país encontrou um exército a serviço da CIA e dos interesses americanos. Foi quando caiu detido e depois morto. Claro, brincamos quando dissemos que a doença crônica era um incômodo para o homem público. Na verdade Guevara achava que a luta armada revolucionária precisava ser estendida para todo o Terceiro Mundo.

Herói ou bandido? A ilustração estampada nas camisetas é uma reproduão de fotografia feita por Alberto Korda. É um ícone da contracultura. De família rica, Che teve uma infância e uma adolescência privilegiada. Jovens, abandonou o curso de medicina para fazer a viagem de motocicleta que o tornou mais evidente diante do público de agora.

A viagem foi com o amigo Alberto Granado, numa Norton 500 cc fabricada em 1939, de Buenos Aires a Caracas. Depois concluiu o curso de medicina e atuou em localidades pobres, inclusive leprosários.

Eis um breve perfil. Eis a dúvida. Como contar a história de Che Guevara hoje, num jornal? Foge-e na tangente e apela-se para o equivocado, quando vemos na edição desta sexta-feira, dia 7 de outubro, na seção de cartas da Folha de Londrina, um leitor que desconhece as barbaridas cometidas pelo regime militar que tomou conta do Brasil em 1964. Fique claro: o jornal nada tem a ver com a idéia defendida pelo autor.

Uma história parecida com a de outros países do Terceiro Mundo, inclusive Cuba, onde corrupção, desmandos, assassinatos não chegavam ao público porque os meios de comunicação sofriam censura. E vai o desinformado achar que os Che Guevara é que eram os arruaceiros inquietos...

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