quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Linhas tortas entre o discurso e a prática

O silêncio da maioria das escolas de comunicação social com habilitação em jornalismo mais causa desconfiança do que assusta. Ao meio-dia desta quarta-feira, dia 16 de novembro de 2011, as poucas informações que temos sobre os acontecimentos lá no Senado, em Brasília, ainda são temerárias.

A obrigatoriedade do diploma de jornalista entra em discussão? Haverá senadores suficientes? O feriado de 15 de novembro, infelizmente, foi para a maioria dos jornalistas brasileiros mais um dia de trabalho. Aliás, uma terça-feira de muitas dificuldades para localizar fontes, pois boa parte dos órgãos públicos emendou o feriado e até alguns políticos normalmente afoitos por entrevistas sumiram desde a noite de quinta-feira. E agora o risco de um vazio no Congresso Nacional...

Vimos que a Federação Nacional dos Jornalistas convoca desde a semana passada o estado de alerta das entidades sindicais para que a obrigatoriedade do diploma passe pelo Senado. Temos em Londrina duas escolas de comunicação. Havia três, mas uma delas apenas sustenta o curso, até que as últimas turmas recebam seus diplomas.

Não percebemos em momento algum uma manifestação marcante dos alunos desses cursos em defesa do diploma. E temos a considerar uma situação atípica e que poderia ser interessante e produtiva: o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná é do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual de Londrina.

Por isso assusta. Estamos realmente tão desinformados sobre o posicionamento dos futuros jornalistas em relação ao diploma da categoria? Lembramos que o curso de comunicação social da Universidade Estadual de Londrina tem uma história também interessante a ser considerada. Lá pelos fins dos anos de 1970, quando a primeira turma de jornalismo preparava-se para pegar o canudo, a maioria dos formandos já atuava no mercado de trabalho.

Era o inverso do que ocorre agora. Pressionados pela necessidade de regulamentação, que em alguns casos podiam ser feitos na condição de provisionados, os jornalistas participavam do vestibular cuja média de candidatos era muito inferior às vagas oferecidas. Nas salas de aula, alguns deles criavam uma situação de constrangimento aos professores, pois detinham mais conhecimento em jornalismo do que os mestres.

Essa situação perdurou até o início dos anos de 1980. Depois, quem entrava no curso de comunicação pretendia ser jornalista. A maioria nunca tinha entrado numa redação de impresso, rádio ou tevê. Daqueles primeiros formandos alguns tornaram-se professores. Aliás, bons professores, que estimulavam nos alunos o conhecimento da teoria e transmitiam ensinamentos fundamentais sobre a prática do jornalismo.

Até a ética era mais fácil de ser compreendida em seus diferentes aspectos, pois exemplos reais eram discutidos nas salas de aula. Debates freqüentes promovidos por professores ou pela representação estudantil tornaram-se mais úteis para os alunos do que algumas teorias dissecadas. Até a obrigatória convivência com os colegas de relações públicas até a metade do curso foi proveitosa. Marshall McLuhan, por exemplo, foi amado e odiado por causa do seu “o meio é a mensagem”.

Ainda temos alguns daqueles professores na comunicação da UEL. Mas o que aconteceu com eles? Parece que apenas viraram dinossauros e já nem discursam. Isso é uma pena. Então, para que estudar jornalismo? E para que ensinar jornalismo? Perguntas complicadas, não?

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