quarta-feira, 21 de março de 2012

Como se faz um jornal sem jornalista

Um levantamento de posse do Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná mostra uma realidade cruel para o profissional formado e regulamentado em uma pequena cidade da região. Existem na localidade oito publicações impressas, uma emissora de rádio, uma emissora de TV por assinatura e uma emissora de TV aberta. Além disso, a cidade conta com assessoria de comunicação na Prefeitura, na Câmara, na Associação Comercial e Empresarial e em uma entidade filantrópica. Aqui não estão incluídas empresas de médio porte para cima que mantém setores de comunicação.

Seria um mercado promissor para editores, redatores, repórteres, repórteres-fotográficos, repórteres cinegrafistas e diagramadores. Mas pasmem: todos estes veículos empregam apenas seis profissionais formados e regulamentados. Cinco deles estão nas assessorias de impresa do Legislativo e do Executivo. Um é da entidade filantrópica. Dos impressos, um é de propriedade de um jornalismo formado e regulamentado, que é o editor e não dispõe de profissionais regulamentados na reportagem, fotografia e diagramação.

Outro jornal impresso é de propriedade de um provisionado. Ele não dispõe de equipe regulamentada e depende de material das assessorias de imprensa para fechar as edições. Outra publicação impressa é de propriedade de um empresário que conseguiu o registro profissional aproveitando-se da brecha aberta pela desobrigatoriedade do diploma. Este empresário também toca a concessão da TV aberta, da TV por assinatura e assina como responsável no informativo da Associação Comercial e Empresarial, além de ser intermediário de um portal que repica notícias captadas de outros sites. Para manter TVs no ar e jornais em circulação este empresário emprega três pessoas não regulamentadas.

A emissora de rádio sobreviva de horários locados. Algumas das locações tem características jornalísticas, mas não há pessoal contratado. Outro jornal impresso utiliza-se de profissionais do poder público para ser fechado. Só um deles é formado em jornalismo e regulamentado.

Se considerarmos que cada veículos teria que dispor de pelo menos uma equipe formada de profissionais regulamentados, essa cidade ofertaria 49 vagas para editores, redatores, repórteres, repórter-fotográfico, repórter de cinegrafia e diagramador. Como nenhum dos impressos é diário, vamos dividir pela metade: pelo menos 25 vagas existiriam nesse mercado.

Nem vamos falar de conteúdo e ética. Não compensa.

Um comentário:

Anônimo disse...

É validada e se não tem quem os advirtam, vão continuar trabalhando, MEI a oportunidade de Ter seu próprio negócio, o Governo saiu do Armário, mas colocou um monte de desinformados.