segunda-feira, 12 de março de 2012

Situação de risco mostrada com sensacionalismo

A boa equipe de reportagem, quando na cobertura de um fato que já aconteceu, apresenta o relato da ocorrência sem expor indefesos adolescentes a uma situação de risco. Aliás, situação que havia tirado a vida de um colega da turma de adolescentes um dia antes.

Pois aconteceu o contrário com o pessoal da TV Coroados e da RIC TV. Uma trave de futebol de campo, que segundo os respórteres das duas emissoras pesaria cerca de 200 quilos, cai no peito de um menino quando os adolescentes tentavam transportá-lo para diminuir o tamanho do campo.

Isso aconteceu em Cambé, num campo de futebol que pertence à prefeitura. Levado a um hospital de Londrina o menino não resiste e morre. A trave estava com uma das hastes de sustentação quebrada. Para ela ficar de pé alguém colocou uma escora de pedra. Portanto, a situação de risco existia desde o momento em que a haste quebrou e a pedra passou a servir de escora.

Outro erro de quem cuida do campo: meninos de 13, 14 ou 15 anos, mesmo numa turma de meia dúzia a dez, não podem transportar uma armação de aço com cerca de 200 quilos. Alguém responsável por cuidar do local tem que ficar atento para isso.

Mas como ninguém impediu os meninos mexeram na trave que já estava perigosa. Imagine num jogo de futebol de adultos? O goleiro pula para pegar a bola e bate na trave. A escora de pedra sai do local e a armação despenca sobre o jogador. Trágico.

Para quem sabia que a trave estava escorada com uma pedra a morte do menino de 14 anos foi quase que anunciada. O risco existia e o campo, desde a constatação do problema, teria que ser interditado até que o problema fosse corrigido.

Então foram as equipes da Coroados e da RIC TV cobrir o acidente. Alguém das duas equipes teve a infeliz idéia de chamar os meninos que brincavam com a vítima na hora que a trave caiu. E esse alguém pediu para os meninos simularem como eles tentavam transportar a trave. Eram cerca de seis adolescentes levantando a armação de 200 quilos. Com risco de a mesma cair de novo sobre os pés de algum deles. E mesmo não caindo, risco de ocasionar ferimentos nas mãos ou problemas na coluna.

Assim a imagem foi ao ar nas duas emissoras. Uma tragédia por culpa de um descuido ilustrada com imagens tramadas colocando em evidência o descuido e a despreocupação de quem preparou a simulação. Ainda bem que o Conselho Tutelar e o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, na maioria dos casos, serve para atender outros interesses e se calam diante de aberrações. Quanto ao Ministério Público, não é em todos os lugares que ele funciona.

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