terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A comunicação e o escambau andam juntos

Tem uma briga em Salvador, na Bahia. Polícia que é Polícia enfrenta Polícia do Exército. Corre um conflito no Brasil: o trabalhador vigilante faz greve e prejudica o trabalhador que não é vigilante. Discussões acaloradas no BBB? Alguns portais da internet usam e abusam e fazem do besteirol sensação. E o Pereirão e a Tereza Cristina? Que pena aquilo, é uma lição de como fazer maldade. Imaginem o autor e o diretor da novela nos corredores da Globo, pressionados por outros autores e diretores, tendo os tapetes puxados e sendo vítimas de boatos? É isso. Novelas, agora, reproduzem situações específicas de sacanagem como se isso acontecesse em todos os lares brasileiros. Exceto, é claro, nas salas condicionadas de algumas repartições públicas, câmaras de diferentes esferas, escritórios jurídicos e muito mais. Muito mesmo. Esses locais são santos. Pura coincidência a Dilma ter sido obrigada a derrubar o nono ministro em tão curto período de governo. Isso acontece mesmo, povo! Não é motivo de estresse...

Nessa misturada toda a comunicação às vezes se confunde. E o jornalismo vai atrás. O que, afinal de contas, o brasileiro quer ler, escutar, assistir ou conferir? Um programa de TV a cabo com apresentadoras gordinhas ensinando a preparar pratos caseiros? Não é má idéia. Algumas são, além de talentosas, muito sensuais apesar das sobras na cintura e das papadas no queixo. Ou a opção seria apelar, também na TV por assinatura, para as mesmices dos seriados policiais? Heróis de barro nunca se deixam derrotar. Acaba um capítulo hoje com eles saindo de vencedores e amanhã nova missão. Os heróis apanham, mas vencem e desliga-se a TV com a certeza de que eles estarão firmes e fortes no próximo capítulo.

Novelas da Globo são festivais da maldade. Do tipo, aprenda com o Pereirão como amarrar uma víbora. Ou onde comprar uma cobra para colocar no carro da filha da sua inimiga. Fácil. Basta contratar um segurança musculoso que ele providencia tudo. Autores e diretores de novela, pelo visto, conhecem intimamente seguranças musculosos que não só compram, mas também vendem cobras venenosas. E se alguém estiver desempregado no meio dessa crise de emprego que os números oficiais negam, a solução está ali, no vídeo. Em novela o emprego aparece de uma hora para outra. Deve ser assim que ocorre em alguns escritórios de contratação de artistas de novelas. Mas não podemos, de forma alguma, ignorar a força empregatícia das campanhas eleitorais. Basta apoiar e negociar que o emprego aparece, colocando para fora do páreo uma multidão de aprovados em concursos públicos.

E o jornalismo, onde é que esse troço leva a culpa por tantas aberrações. Coberturas medíocres são inimigos mortais. Às vezes a culpa é da falta de investimento da empresa de comunicação. Profissionais baratos e tecnologia defasada dão caca. O caráter, quando falta, é da mesma forma letal. Assim como é nociva a preguiça cultural de quem faz jornalismo. Enfim, a cultura está em baixa e sem rumo. A comunicação tem a obrigação de pressionar para que se ache o caminho (texto de Walter Ogama).

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