sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Egito, o jeito mais covarde de fazer revanche

As primeiras informações que varreram o mundo davam conta de uma briga entre torcidas de futebol. Não passou de um dia e as equipes séries de jornalismo já relacionavam o massacre do Estádio de Futebol Port Said, no Egito, após a partida entre o time local Al-Masry e o Al-Ahly, a uma revanche gratuita de um governo destemperado politicamente por ser fraco.

A morte de 74 torcedores foi, conforme mostra reportagem publicada na edição desta sexta-feira, dia 3 de fevereiro, em O Estado de S.Paulo, foi orquestrada por forças de segurança da junta militar comandada pelo ditador Hosni Mubarak. Outras 400 pessoas ficaram feridas.

“No dia 27 de novembro, no calor do ‘segundo tempo’ da revolução egípcia, quando milhares de manifestantes ocupavam a Praça Tahrir e arredores para exigir a saída dos militares do poder, um grupo de jovens chamou a atenção. Era a torcida do Al-Ahly, o maior time do Egito, que veio participar do movimento”, escreve o analista Lourival Sant’Anna.

O analista prossegue: “Eles não vestiam o uniforme do time, mas cantavam e pulavam abraçados, exatamente como fazem nos estádios”. O texto diz ainda: “Mais tarde, os torcedores do Al-Ahly ficaram de frente para os seus arquirrivais do Zamalek, também do Cairo, e celebraram juntos, numa cena que comoveu os manifestantes na Praça Tahrir”.

O analista acrescenta que na noite de quarta-feira, “os torcedores do Al-Ahly tiveram seu castigo no Estádio Port Said. Depois de verem seu time derrotado por 3 a 1 pelo inexpressivo time da casa, Al-Masry, foram atacados por homens com facas e armas de fogo que a polícia deixou entrar no estádio, assistindo impassível ao massacre. A mesma polícia que foi o primeiro alvo da revolução, lançada em 25 de janeiro de 2011, Dia da Polícia, em protesto contra a morte de Klaled Said, de 28 anos, abordado por policiais em uma lan house de Alexandria, em junho de 2010.”

(trechos extraídos de análise assinada por Lourival Sant’Anna em O Estado de S.Paulo)

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