Comunicação Ética: Poucas palavras e muita expectativa

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Poucas palavras e muita expectativa

Expectativa! O 29 de fevereiro de 2012 é um dia de luta e reflexão. Se o Senado cumprir sua parte o jornalismo com qualidade e ética ganha mais um ponto. A comunicação feita por gente despreparada, bancada por alguns empresários do ramo, mostra o quanto o diploma é importante. Sim, “ramo”. É isso que a prática do jornalismo sem diploma criou.

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2 A 0 PARA OS DOIS

Folha de Londrina e Gazeta do Povo mostraram o lado irônico da presença do governador Beto Richa na Assembléia Legislativa do Paraná. A Gazeta destacou a falta de informação do governador de alguns números importantes que um governador deve ter na ponta da língua. A Folha de Londrina mostrou a falta de domínio de um governador sobre a sua equipe, que mandou uma cantora encerrar a participação na Assembléia cantando o jingle da campanha eleitoral. Quem é que governa com dois casos de amadorismo desses?

DICA DE LEITURA

Na página 3, Política, Folha de Londrina, edição desta sexta-feira, 27 de janeiro de 2012: "Em 2011, deputados gastaram R$ 9 mi com próprio mandato". Reportagem assinada por Luciana Cristo.

Na página 14, Vida Pública, Gazeta do Povo, edição desta sexta-feira, dia 27 de janeiro de 2012: "Reajuste da verba da Alep 'compensa' fim do 14º e 15º salário". Matéria produzida por Vinicius Boreki e Karlos Kohlbach.

Breve: imaginem seguir a sugestão do autor mencionado na postagem ao lado e omitir as informações contidas nas duas produções só para "vender outra imagem aos empresários"?

Até prefeririamos que ele estivesse metaforando para dizer o contrário do que parece ser manifestado.

LUTA PELO 2º TURNO

Portal da FENAJ traz texto sobre o balanço de 2011 feito pelo presidente da entidade, Celso Schröder. A aprovação da PEC do Diploma em 1º turno pelo Senado é mencionada entre as principais conquistas do ano que passou. Como também o acordo com as lideranças dos partidos para que o 2º turno entre na pauta de fevereiro. Ainda assim, a FENAJ recomenda aos Sindicatos de Jornalistas e apoiadores do movimento em defesa do diploma que se mantenham em mobilização neste mês de janeiro, não descuidando dos contatos com os deputados federais e senadores.

TANTO LÁ QUANTO AQUI

Lei aprovada pela Câmara da África do Sul para proteger segredos de Estado criminaliza vazamento, posse e publicação de informações avaliadas pelo governo como confidenciais. Se considerados culpados, jornalistas e outros transgressores podem ser condenados a até 25 anos de prisão. A justificativa do Congresso Nacional Africano foi de atualizar a legislação de 30 anos atrás, da época da segregação racial. A oposição rebate e diz que é a primeira vez deste o apartheid que uma lei fere de forma tão violenta a democracia sul-africana. Salvaguardada a proporção, é mais ou menos o que acontece por aqui: o Supremo derrubou a obrigatoriedade do diploma de jornalista alegando que o decreto que o tornava obrigatório era do tempo da ditadura militar.

TRANSPARÊNCIA E CONTROLE

Mais uma pré-conferência será realizada no dia 22 de novembro (terça-feira), preparatória à 1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social – 1ª Consocial. “Se você preside, participa ou frequenta qualquer entidade, seja de morfadores, sindicais ou apenas tem idéias no melhoramento da nossa Londrina, compareça, pois as pré-conferências são abertas a todos”, convida o coordenador da Comissão Organizadora da Consocial/Municipal, Fábio Cavazotti. A primeira foi realizada na sexta-feira, dia 18. As pré-conferências são no Colégio Estadual Marcelino Champagnat, na Rua Salvador, 998, região central de Londrina, com início às 18 horas. Informações podem ser obtidas pelos telefones (43) 3325-1900 / (43) 9995-1900.

TRAGÉDIAS NAS FAMÍLIAS

Dois acontecimentos policiais em Cambé, no sábado e no domingo, envolvem famílias e trazem a tona a suspeita de certa omissão do poder público em questões domésticas que exigem acolhimento. No primeiro, um pai é acusado de matar o filho de 21 anos e ferir a nora de 18. O pai, segundo vizinhos, era dependente de medicamento controlado e não podia beber. Mas em situações anteriores já havia usado de violência em casa por causa da bebida. No outro caso, uma adolescente de 16 anos de idade esfaqueou o cunhado de 30. O Conselho Tutelar deve cumprir o seu papel e saber a causa da agressão. É o mínimo que tem de ser feito. Clique aqui e leia.

No blog de contos e crônicas mais uma confusão por causa dos telefonemas que devem ser atendidos aos sussurros e com artimanhas. Clique aqui e leia.

RICO É SEMPRE VÍTIMA

Nota zero para a maioria das matérias publicadas ou que foram ao ar nesta quarta-feira sobre a prisão dos quatro jovens de Rolândia, "filhos de famílias de classe média", por uma sucessão de assaltos em Londrina usando armas de brinquedo e um "carro novo que pertence a um deles". A TV, principalmente, transformou os jovens em vítimas. O apresentador do Paraná TV 2º Edição, Sandro Dalpícolo, da RPC TV, chegou a comentar com ar de preocupação: "Imagine se uma das vítimas estivesse armado de verdade". Claro, ele se refere a uma das vítimas dos assaltos, que se estivesse armado de verdade e reagido poderia ser hoje um assassinato de filho de rico que supostamente brincava de fazer assaltos. Bandido é bandido, seja rico ou pobre e qualquer que seja a origem da sede de criminalidade que o faz roubar, assaltar, aterrorizar e, se for preso e julgado, custar despesas de alimentação e de manutenção do sistema prisional com dinheiro do povo.

IMPRESSO COM MAIS QUALIDADE

Com o título “Jornal, qualidade e rigor”, Carlos Alberto Di Franco publica artigo na página 2, edição de 17 de outubro de 2011, segunda-feira, de O Estado de S.Paulo. Um trecho: “Defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que devemos conquistar não quer, como é lógico, o que não pode conseguir na TV ou na internet. Ele quer informação de qualidade: a matéria aprofundada, a reportagem interessante, a análise que o ajude, de fato, a tomar decisões.” Di Franco é doutor em Comunicação, professor de ética e diretor do Master em Jornalismo. Claro, o Master incomoda, mas o posicionamento do autor está correto em relação à baixa qualidade dos meios e a oferta de um produto melhor a ser trabalhado pelos impressos.

CONSTITUIÇÃO DE 69

O 17 de outubro não tem somente o que ser comemorado. Em 1969, a Junta Militar promulgou a Emenda Constitucional nº 1, que incorporou à Constituição Brasileira dispositivo do AI-5 (Ato Institucional número 5). Com esta incorporação surgiu a Constituição de 1969, do Regime Militar, que instituiu a censura e amarrou as mãos e amordaçou as bocas de vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores, governadores e, enfim, transformou o Congresso Nacional em um salão freqüentado por parlamentares impedidos e calados.

NO ESTADÃO

Matéria na página B16, edição de sexta-feira, dia 14 de
outubro de 2011, merece ser lida com muita atenção. O título: “Jornais têm mais leitores que a internet”. Assinada por Silvio Guedes Crespo e Yolanda Fordelone, a matéria diz em seu abre que “a circulação total de jornais no mundo caiu no ano passado, com exceção da América Latina e da Ásia”. A informação tem como base uma pesquisa da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias. Uma das constatações: o meio impresso alcança, mesmo nos países onde a circulação total de jornais apresentou queda, mais pessoas do que a internet. Hora dos projetistas editoriais que tentaram transformar os impressos em bengalas da internet limparem as fezes que derramaram porcamente no caminho.

CUIDADO COM AS GIRIAS

Em relação ao incidente que resultou na detenção do repórter de O Estado de S.Paulo, Felipe Werneck, durante a cobertura de um assalto a um albergue da Zona Sul do Rio (página C4, edição de 26 de setembro de 2011), deve ser reforçado que o profissão estava no exercício da profissão e em local considerado público. Correto também o repórter ter reagido à provocação de um inspetor da Delegacia de Atendimento a Turistas (Deat). Mas ele teria evitado o argumento de desacato à autoridade mudando uma palavrinha, que até seria mais conveniente para um profissional de jornalismo. O repórter respondeu ao inspetor que o que ele estava fazedo era uma “babaquice”. Devia ter dito que era um “desrespeito”. Assim calaria a boca do tal inspetor.

DEMOCRATIZAÇÃO PARA QUEM?

A Folha de S.Paulo publica artigo do secretário nacional de comunicação do PT, deputado federal André Vargas, na página 3, edição de 22 de setembro de 2011, com o título "O PT e a democratização da comunicação". Teor correto, em defesa da acessibilidade de todos nos espaços editoriais e também na leitura do que se publica. Exemplos passados exigem, porém, interpretações dúbias na assimilação do que se escreve. Democratização da informação para quem? A teoria não é a prática.

O CASO TV BRASIL

Aliás, artigo do jornalista e professor da ECA-USP e da USPM, Eugênio Bucci (O Estado de S.Paulo, página 2, edição de 22 de setembro de 2011), mostra que a preocupação tem fundamento. Com o título "TV Brasil: pública, estatal ou governamental?", ele analisa o caso da Empresa Brasil de Comunicação. Menciona que a diretora-presidente Tereza Cruvnet pode estar com os dias contados. Em sua gestão ela tentou elevar a qualidade editorial da emissora, transformando a TV Brasil em menos estatal e mais pública.

DUAS LEITURAS...

Da charge do JL, edição de 20 de setembro de 2011, sobre o abraço no Igapó. Na primeira leitura, um deslocado no tempo, uma perua, um peão de rodeio, uma criança e um terceira idade abraçam o lago pedindo paz enquanto incêndios e tiroteios aterrorizam a sociedade ao redor, que é cercada por edifícios nobres. Na segunda leitura só muda a objetividade da provocação: quem participa desse tipo de coisa está por fora. Nas duas hipóteses, o autor deve saber que a população participante cobra com um ato simbólico providências que é dever do Estado. Repete-se: dever do Estado, pois os complexos residenciais próximos de onde houve o abraço são habitados por algumas pessoas que preferem financiar a paz por conta própria, quando o correto é ser cidadão e lutar coletivamente pela segurança de todos.

NÃO SE ESQUEÇA:

Há 203 anos surgiu o primeiro jornal chapa branca do Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro. Lançada exatamente num sábado, dia 10 de setembro de 1808. Embora tenhamos postado durante a semana crônicas com teor irônico, sobre eventuais comemorações de bastidores, este 10 de setembro de 2011 deve ser assumido como um momento para decidir sobre o futuro do jornalismo e das comunicações em geral. E nesse futuro não devem ser contempladas as publicações chapa branca, estas que dependem quase que exclusivamente dos cofres públicos de qualquer esfera para manterem as rotativas funcionando.

ÚLTIMA HORA

Do filme ao lado propõe-se também assistir The Front Page, de 1931, baseado em peça teatral de Ben Hecht e Charles McArthur. Em síntese, trata de um repórter de sucesso que tenta escapar de seu editor cínico e manipulador. A peça, aliás, foi por quatro vezes adaptada para o cinema: Última Hora em 1931, A Primeira Página em 1974, Jejum de Amor em 1940 e Troca de Maridos em 1988. A sinopse da versão de 1974: “Cansado da vida estressante no jornal, seu principal repórter decide largar o emprego e casar com seu grande amor. Entretanto, o editor do jornal onde ele trabalha tenta convencê-lo a ficar no emprego por mais um tempo, para que ele cubra a ida de um condenado à forca.

ONTEM E HOJE (1)

Retranca na página de educação da Gazeta do Povo lembra: professores da rede estadual de ensino realizam hoje (30 de agosto) uma paralisação em todo o Paraná. “O protesto acontece em memória do episódio de 30 de agosto de 1988, quando uma manifestação dos docentes foi dissolvida com violência por policiais militares. O governador da época era o tucano Álvaro Dias. O secretário da Fazenda do Paraná, que naquele período tinha de fato status de primeiro escalão, é o mesmo de hoje, Luiz Carlos Hauly.

MANCHETE DA GAZETA

"Cidade sem turismo é a que mais recebe recursos no PR".
Em duas linhas de seis colunas acima da primeira dobra. É chamada seca, mas em destaque. Abaixo da dobra um texto-legenda sobre frio e chuva. Uma moradora de rua enrolada em cobertores é a personagem da foto. Com a capa aberta, a impressão visual é que a miséria da foto faz conjunto à podridão da política. Isso chama leitura. A cidade da manchete é a pequena Jandaia do Sul, o município paranaense que mais recebeu recursos do Ministério do Turismo desde 2009. A cidade tem apenas dois hotéis com capacidade total de cerca de 100 leitos. A política faz milagres.

CRONIQUINHA - PÉS

Eles vão e voltam. Suportam quilos a mais. Aceitam sapatos apertados, se ajeitam em calçados folgados. Levam pessoas para longe, sobem, descem, escorregam. Balançam nervosos e denunciam comportamentos. Pisam fundo no acelerador do carro e com a mesma intensidade e rapidez se fincam no pedal do freio quando a emergência exige. Minúsculos e delicados, médios e bem formatados, grandes e desajeitados, se encapam com tênis ou sapatos, mas nelas preferem no verão uma boa sandália, mesmo sobre saltos enormes e desconfortáveis. Pés. Poderosos! Também seduzem quando macios e roçam pernas. Multiuso, eles andam. E levam, para onde e quando se quer ir.

TRECHO DE UM CONTO GUARDADO NO FUNDO DA GAVETA

"Eu tenho a sua imagem gravada em todos os arquivos da memória. É só o que me resta do seu instante que tive e pouco soube guardar. Os olhos são negros, brilhantes, tanto quanto a cor dos cabelos. A pele é macia, os lábios carnudos, o jeito de olhar é eterno.

Eu vejo você difusa. Como o adiante que persigo atrás do pára-brisa ofuscado pela neblina de uma madrugada sem fim.

Sensação estranha. Quero pisar e vencer a próxima curva, mas outras aparecem. Então eu reduzo, não tanto pelo cuidado, mais pela decepção da imobilidade. Nunca encontro o seu caminho.

Assim eu me rendo. Deixo-me tomar pela solidão. Onde é, afinal, que eu te acho?

Nem eu sei o que me responder. Só sei dos seus olhos, olhando pra longe, muito distante.

E eu nunca estive lá." - Walter Ogama

COMUNICAÇÃO ÀS AVESSAS

A Vênus Platinada está à deriva e suas afiliadas estão no reboque. O tratamento da sacanagem em suas novelas é gratuito. Tem-se a impressão que os autores tiram os exemplos nos próprios corredores da empresa, onde holofotes e egos transformam as pessoas em puxadores de tapetes. Gratuita também a forma de tratar a homofobia, como se noventa por cento da população brasileira a praticasse. Combata-se a violência, que inclui os grupinhos que espancam e queimam mendigos e índios. Combata-se a violência, sem perdoar os políticos que roubam sem pudor e patrocinam uma espécie de legalização da maldade. Mas com seriedade e comprometimento. Com ética e consciência. Sem palhaçada.

RECORTE OPORTUNO

"O debate em torno da ética jornalística tem por hábito situar o jornalista numa espécie de Olimpo, onde ele permanece como integrante de uma casta privilegiada. Não somente o próprio jornalista se autoproclama um intocável, como lança para a opinião pública tal imagem. Na prática, não deveria haver esse muro demarcando os limites entre o jornalista e o interesse público. A ética jornalística é a ética do cidadão. E o jornalista tem que ter em mente que a informação é um direito fundamental da sociedade. O jornalista tem ainda que se ater a um fato crucial: a autocensura, como forma de ocultar informações que caberia divulgar junto à opinião pública." - Texto de Paulo Lima, publicado no WebJornal , de Aracajú

PARA SER CONFERIDO SEMPRE

"Comentando para o Observatório da Imprensa de 22 de agosto último o recente Congresso Brasileiro de Jornais realizado no Rio de Janeiro, com 400 participantes, entre editores, diretores e proprietários de jornais, o jornalista Luiz Garcia abordou de modo prático a questão da ética no trabalho diário dos jornalistas:
“Um homem público acusa outro de um delito qualquer. E temos a infantil ingenuidade de achar que o problema se resolve ouvindo o outro lado. Fulano diz que Beltrano é ladrão de galinhas – e Beltrano nega. É uma postura preguiçosa, que contribui para a impressão de que a imprensa brasileira é viciada em denuncismo. Nossa obrigação não é simplesmente ouvir os dois lados, e sim apurar o que há de verdade na história. Inclusive, se for o caso, para concluir que não há história”.

Trecho extraído de texto de Pedro Celso Campos, professor da Unesp/Bauru, publicado na internet.

Do site www.overmundo.com.br

"Pensar a ética jornalística no dia-a-dia das redações é antes de tudo cobrar do repórter responsabilidade na apuração e redação dos fatos. Definir o que é notícia e mostrá-la de forma verdadeira e clara, deixando de lado todas as convicções partidárias à pauta para refletir no texto apenas o que foi apurado in loco. Caso esta regra clássica não possa ser cumprida é melhor "deixar à pena de lado" e a matéria apenas na cabeça de quem a pensou. No jornalismo ético só há lugar para opiniões em colunas, artigos e editoriais."

Trecho de texto de Robson Fraga, extraído da internet (http://www.overmundo.com.br)