Dispensamos análises sobre o papel de um assessor de imprensa na estrutura de comunicação de uma organização pública ou privada, por entender que o “profissional de fato” terá uma condução ímpar e longe de esbarrões após esclarecer devidamente o empregador sobre o que é uma assessoria de imprensa.
É inegável, porém, considerar que há excetos e exceções. A maioria dos empregadores entende o recado, mas não o aceita. Assim o assessor de imprensa se vê obrigado a ser relações públicas, mestre de cerimonial, cupincha do patrão, inconveniente para as redações dos meios de comunicação, mala sem alça e sem roda, pisoteador do código de ética e agressor diário de outras categorias de profissionais devidamente habilitados para funções que não cabem ao jornalista de assessoria de imprensa.
Isso acontece e às vezes é por admissão do próprio jornalista. Em política, por exemplo, é comum o assessor de imprensa incorporar por livre e espontânea vontade o papel de assessor político. Ele gosta de acompanhar o patrão até nos chás das tardes. E de repente a população vê o político participando de um bingo como se aquilo fosse legal, acompanhado pelo carrapicho.
A relação deixa de ser profissional. O efeito desse desvio será evidente quando o assessorzinho tiver que negociar alguma pauta com as redações. E o problema se manifestará na forma e no conteúdo da negociação, uma vez que este pseudo assessor de imprensa conversa como amigo do patrão, aquele que tem a obrigação relacional de protegê-lo de coisas ruins. Ele vai negociar o silêncio dos meios ou, no mínimo, o enfoque ameno.
Infelizmente, este erro de conduta profissional que mencionamos compromete a carreira até dos jornalistas de assessoria que se pautam na ética e na linha para exercerem os seus papéis. Não há que se negar: alguns colegas das redações já se formaram preconceituosos em relação aos assessores. E só uma postura ímpar do assessor reverterá esta imagem diante do jornalista de impresso, rádio, TV, internet e outros meios.
Às vezes o fato de um bom jornalista ter passado pela assessoria de imprensa de um político torna-se impedimento para que o mesmo conquiste uma vaga em redação de jornalismo. Imaginem, então, se o assessor se desviou da conduta e da postura? Esta mancha jamais será eliminada.
O tema é polêmico. Precisa ser discutido fora das academias e não se sabe ainda onde. Usamos como espelho um fato real, com o direito de omitir nomes, locais e circunstâncias. Neste caso o profissional é recém-formado, o que não o isenta da obrigação de conhecer os limites da profissão.
Mas por ser novo no ramo é eufórico. Nesta condição é contaminado pela paixão, que é um veneno letal na razão. Inconsciente, torna-se um assessor político do tipo “sim sim não não”. O seu futuro será obscuro no jornalista. Melhor que ele reveja os planos e passe a montar um projeto político. Provavelmente ele será um vereador em defesa dos interesses não de um povo, mas do seu político criador.
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