segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A história e a imprensa numa rápida passagem

Dois eventos históricos deste 3 de outubro levam a fatos marcantes da política nacional e ambos estão diretamente ligados à imprensa nanica. Importante: estamos nos referindo à imprensa nanica, aquela que surgiu como movimento de idéias e até bandeira de luta. Nada a ver com chapa branca de mil exemplares. Estes últimos temos aos montes. Cada município brasileiro escancara pelo menos meia dúzia deles transgredindo a ética e queimando o mercado editorial.

Em 1930, justo num 3 de outubro, Getúlio Vargas, aquele, se ajuntou a Góis Monteiro e Osvaldo Aranha para preparar o golpe final contra a República Velha, caracterizada como o período da oligarquia cafeeira. Foram treze presidentes, de 1889 a 1930, e tudo o que se fazia era pelo café, inclusive as publicações da época. Evidente, os nanicos ainda eram inexpressivos e caracterizavam-se mais como jornais de oposição. E estes não eram ideários de pensamentos de massa. Eram defensores de grupos.

E foi também num 3 de outubro que o movimento estudantil brasileiro, ainda em fase de semente na luta contra o regime militar, sofreu com um epsódio marcante. Em 1968 os estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Univesidade de São Paulo montaram um pedágio na Rua Maria Antônia para arrecadar fundos necessários à realização do congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Na mesma Rua Maria Antônia existia a Universidade Mackenzie, de grupo presbiteriano, cujos alunos discordaram do pedágio. O resultado foi o confronto físico, que resultou na morte do estudante José Guimarães. Por isso o epsódio que ocorreu em pleno Anos de Chumbo da história política do Brasil ficou conhecido como Batalha de Maria Antônia.

Sim, Anos de Chumbo. Começou com a ditadura militar em 1964 e os atos institucionais do então presidente Emílio Garrastazu Médici. O mais nocivo deles foi o AI-5, que deu autonomia à figura do presidente e algemou todas as demais forças políticas do país, com rigores contra deputados, senadores, prefeito, vereadores, governadores entre outros. O AI-5 também tapou a boca da imprensa com a censura política.

A imprensa nanica conseguia vencer as barreiras da vigilância política e chegar aos leitores com surpreendente agilidade. Jornais expressivos como Movimento ganhavam credibilidade. Publicações estudantis eram lidos nos campus universitários longe dos olhares dos seguranças colocados à serviço das reitorias e do governo.

Na Universidade Estadual de Londrina, muitos desses seguranças estavam infiltrados entre estudantes, professores e funcionários. Mas a palavra de ordem era levantar e sacudir a poeira. O Diretório Central dos Estudantes da UEL eram bandeira, força, luta, engajamento. E tinha um jornal, o Poeira. Dele falaremos mais adiante, pois a publicação merece muito espaço para que os estudantes de agora possam saber, através de sua análise, que um jornal estudantil era a voz não só dos estudantes, mas de uma causa que cada brasileiro mantinha no coração e não sabia como defendê-la: a democracia.

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