É de longe que se vê o que está nas capas dos jornais. O ministro Orlando Silva, dos Esportes, é manchete nas duas mais importantes publicações diárias nacional, a Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo. Mas nesta terça-feira, dia 25 de outubro, com Silva massageado nas nádegas pela presidente Dilma e dono, portanto, da poltrona que o sustenta no cargo, as manchetes e as chamadas de capa vão além do trivial.
O Estadão traz na primeira dobra a foto do ex-presidente Lula ao lado de Dilma. Ambos participam da inauguração da ponte sobre o Rio Negro, em Manaus. Usam cocares e estão sorridentes. Na legenda, o trecho final é mais fatal ao ministro acusado do que se possa imaginar: “Em conversa reservada durante a viagem até Manaus, o ex-presidente disse à sucessora não estar mais convicto da inocência do ministro Orlando Silva”. Isso pesa e muito, mesmo que a interlocutora da conversa seja hoje a patroa de Silva e quem emitiu a opinião esteja há dez meses longe do governo.
Aliás, longe do governo? Embora haja esforço para se apostar na firmeza da presidente em relação as coisas da administração pública federal, inclusive em relação às pendências políticas e sombras que podem virar uma manta pesada, desconfia-se que este homem, o ex, ainda manda a mulher lavar a roupa, passar, cozinhar, arrumar a cozinha e fazer a faxina semanal enquanto ele bate uma bola ou refresca-se com uma latinha na mão.
E se ele não manda, influi. E abaixo a manchete, ainda na primeira dobra: “Centro Olímpico que Esporte prometeu para 2007 não existe”. Alguém poderia dizer que o nome de Silva não é mencionado. Engano: está lá, na linha fina, que a obra foi anunciada pelo ministro para capacitar o país para os jogos e só começou a ser executada nos últimos dois meses, com apenas três operários. Mais? O texto tem uma coluna de 19 linhas e uma coluna de quatro linhas, sobre outra chamada relacionada, contendo foto em duas colunas, sobre as ONGs que prometem confirmar denúncias, de acordo com o policial militar que também virou destaque neste assunto.
Pois é, Senhor Ministro. Caixa alta sim. Pelo menos por enquanto, pois ao que parece as bases já estão tomadas e em breve haverá a execução. Claro, de forma alguma parecida com a de Kadafi. Mas de vergonha tanto quanto.
A Folha de São Paulo também não poupa. O ministro está na manchete com linha fina e texto longo, chamada da entrega de áudios sobre reunião no ministério pelo policial militar e foto do mesmo, em quatro colunas. Silva nem foto tem mais merecido, coitado!
Mas é na seção de cartas do Estadão que um leitor se sobressai. Ele pergunta: “O ministro Orlando Silva será demitido pela presidente Dilma ou pelo presidente da Fifa?” Olha que não está muito longe disso. A fragilidade política dá força à cartolagem e esse detalhe não escapa aos espertos.
Nos demais destaques, até o “cristinismo” na Argentina é mencionado. Às vezes com aprofundamento e análise. Outras com euforia primária, de quem acredita que destemperos circunstanciais eternizam pessoas públicas. E os mesmos jornais vão desdizer em 2015, na cara dura, os que dizem agora. Como se nunca tivessem tocado no assunto...
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