A história é madrasta, mas nem tanto. Especialmente quando se fala em Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, há mais méritos do que desabonos em sua biografia. Há exato um mês o criador e editor do primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, completou mais um ano de sua morte. Hipólito da Costa, que nasceu na Colônia de Sacramento no dia 13 de agosto de 1774, faleceu no dia 11 de setembro de 1823 em Londres.
A localidade onde ele nasceu pertencia à Coroa Portuguesa na época. Hoje é do Uruguai. Foram, portanto, nascimento e morte fora das terras brasileiras. Jornalista, maçom e diplomata brasileiro, Hipólito da Costa foi também patrono de uma das cadeiras da Academia Brasileira de Letras. Era de uma família abastada do Rio de Janeiro. Teve o privilégio de estudar em Portugal, na Universidade de Coimbra, formando-se em leis, filosofia e matemática.
E foi pela Coroa Portuguesa que viajou aos Estados Unidos como diplomata. Lá conheceu a maçonaria, que foi caminho para uma leitura mais crítica do domínio português sob o Brasil. Posteriormente, em Londres, Hipólito da Costa deu vazão à postura crítica e criou o Correio Braziliense, que circulou de 1º de junho de 1808 a 1823. O Correio também era conhecido como Armazém Literário.
No jornalismo passou a defender idéias liberais. Dentre elas, aquelas que levaram anos depois à Independência do Brasil. O absurdo: Portugal bancou uma publicação também produzida em Londres para combater o Correio Braziliense.
E aqui entra o fatal comparativo entre o ontem e o hoje. Em 1812 Hipólito da Costa teve que ceder à Coroa Portuguesa e fechou um acordo secreto: para amenizar o tom das críticas, a Coroa compraria alguns exemplares do Correio Braziliense e bancaria o seu criador e diretor com um subsídio.
Seria, portanto, a subvenção da mídia também uma herança política nacional? Abordamos em edições passadas os Chapa Branca, na qual a origem está na Gazeta do Rio de Janeiro, lançada meses depois de Hipólito colocar aos leitores o Correio Braziliense. Isso nos dá referência para afirmar que o jornal oficioso ou oficialesco é tradição.
Mas resta, no caso da subvenção à Hipólito, o benefício da dúvida. Ao que parece mesmo após o acordo secreto o Correio Braziliense desempenhou importante papel na história do Brasil. O que sobra é a pergunta: por que uma pessoa de raiz privilegiada economicamente precisou da subvenção?
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