sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Crônica - Um caso de ruído na comunicação cotidiana

Walter Ogama - Procurava "Qualquer", de Arnaldo Antunes, colocado no mercado em fins de 2006. Na loja especializada do Calçadão, a atendente foi solícita. Corre ao meu encontro logo que encosto no mostruário de música popular brasileira. Estou ainda em Ana Carolina quando ela pergunta:
- Precisa de uma ajuda?
- Muita ajuda. Procuro Arnaldo Antunes. Qualquer...
Vejo-a dedilhando as caixas de CDs até chegar no Arnaldo. Ela dispõe de dois títulos.
- É alguns destes?
- Não, procuro o Qualquer...
Agradeci e sai. Só do lado de fora da loja percebi que provoquei um ruído de comunicação. Deixei de explicar para a moça que "Qualquer" é o título do CD, que não estava procurando um CD qualquer do Arnaldo Antunes.
Imaginei que apesar do produto estar no mercado há meses, o estabelecimento não atualizou a banca e nem forneceu à atendente um bom catálogo de lançamentos.
Ainda assim, para comprovar a minha tese, prossigui até outra loja. A cena se repetiu. A diferença é que o estabelecimento só tinha um título do artista. Novamente sai agradecendo.
Tinha mais duas opções no shopping, além de uma loja de departamentos com setor de CDs e DVDs. Nesta, percebi que o funcionário saiu-se bem em seu atendimento. Perguntei de sopetão:
- Você recebeu Qualquer, do Arnaldo Antunes?
- Não chegou nada ainda...
Estranho, o lançamento foi em 2006 e estavamos no segundo mês de 2007. Admiti que o Arnaldo, depois de optar pela carreira solo e abandonar os Titãs, deixou de ser comercial. E o CD "Qualquer", da primeira a última faixa, é extremamente avesso às pretensões das gravadoras comerciais. Ou será que o funcionário da loja de departamento respondeu à queima-roupa?
No outro extremo, outro estabelecimento especializado. Também perguntei enigmático, sem explicar que "Qualquer" é o título do CD. E me mostraram três Arnaldos, para escolher um deles.
Retornei ao outro lado, em outra loja especializada, e fui direto ao assunto:
- Estou procurando o CD Qualquer, do Arnaldo Antunes. Qualquer é o nome do CD.
A moça correu até o mostruário e me apresentou o que eu queria.

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