quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Erro besta por falta de conhecimento e checagem

A página A9 de O Estado de S.Paulo abre com uma informação hilárica no meio do texto-manchete. O assunto é Jandaia do Sul e os recursos de R$ 21,8 milhões em convênios repassados pelo Ministério do Turismo nos últimos três anos.
A matéria é assinada por Vannildo Mendes, de Brasília. As informações técnicas estão corretas. O profissional até garimpa por históricos de personagens envolvidos no tema. O começo é assim: “A pequena Jandaia do Sul, no Paraná, não é sede da Copa, não tem praia nem consta de qualquer roteiro turístico nacional ou estrangeiro”.

E segue, após uma vírgula: “...mas recebeu R$ 21,8 milhões em convênios com o Ministério do Turismo nos últimos três anos.”

Tudo certinho, do enredo ao enfoque. O texto deixa claro que o volume de dinheiro que o Governo Federal destinou a Jandaia do Sul, através do Turismo, é recorde no Paraná. Que o município tem como prefeito José Rodrigues Borba, do PP. Que Borba integra a base aliada desde o primeiro governo Lula e é um dos 36 réus do inquérito do mensalão que tramita no Supremo Tribunal Federal. Que o prefeito de Jandaia do Sul, acusado de corrupção e bando, renunciou ao mandato de deputado federal para evitar a cassação.

O equívoco acontece quando o jornalista compara Jandaia do Sul a Londrina: “Londrina, que atrai milhares de turistas com seu clima frio e os nevoeiros que lembram Londres, foi contemplada com R$ 13,6 milhões.”

Alguém pode sair em defesa e dizer que o jornalista está baseado em Brasília, a cerca de 1.250 quilômetros de Londrina, uma cidaded que não tem clima frio e muito menos nevoeiros que lembram Londres. Mas o Vannildo Mendes é um profissional. Ele poderia evitar este erro básico e grosseiro de várias formas: consultando internet, obtendo informações de colegas do Paraná que trabalham em Brasília, trocando idéias com próprios companheiros do Estadão que conhecem as características climáticas de Londrina e até consultando políticos e assessores londrinenses no Congresso Nacional.

E poderia saber, inclusive, que o turismo de Londrina tem força nos negócios. Não é o nevoeiro e o frio que trazem turistas a Londrina. Poderia saber que nem os eventos culturais tem tanta força no turismo londrinense quanto os negócios.

A impressão que o jornalista deixa é muito preocupante. Pois nem na internet há informações que Londrina tem turismo por causa do frio e do nevoeiro. Então ele parece nem ter consultado a rede mundial para checar esta informação.

Sim, algumas cartilhas básicas dessas que contam a história local relacionam a presença do inglês Lord Lovat na colonização de Londrina como algo a ver com Londres. Foi pura opção comercial, nada a ver com o clima daqui e de lá. Londrina tem clima considerado subtropical úmido mesotérmico. Quanto ao frio, a mínima registrada por aqui foi de -4,7ºC naquele inverno de 1975 que acabou com a cafeicultura. Agora bate nos 30ºC até nos veranicos.

Jornalista não pode cometer erro de informação tão básico, pois deixa estampar falta de cultura. Além da falta de conhecimento, demonstra preguiça na checagem de uma informação tão importante quanto os valores e o números que ele apresenta no seu texto. Ou devemos, a partir de agora, ter dúvidas também nas informações técnicas desde profissional?

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