Duas reportagens nas edições desta sexta-feira da Folha de Londrina e da Gazeta do Povo fortalecem nos leitores paranaenses a sensação de que apesar da maré baixa da mídia estadual ainda se trabalha com a informação com seriedade e comprometimento.
A Folha traz na página 3 do caderno Folha Cidades uma reportagem assinada pela jornalista Micaela Orikasa, com fotos de Saulo Ohara, sobre os nordestinos que estão há décadas em Assai.
São trabalhadores que fugiram da seca e vieram de pau-de-arara ao Sul do Brasil. Em Assai encontraram ocupações nas propriedades de algodão e de café dos colonos japoneses, principalmente na localidade de Pau d’Alho.
Personagens da história do Norte do Paraná, por anos estas pessoas não passaram de meras ferramentas de trabalho. Até a presença delas nas ruas centrais da pequena Assaí causava surpresa, pois predominava por ali a população com descendência japonesa.
Os nordestinos ganharam a cidade a partir do início do fenômeno dos dekasseguis, quando muito jovens nisseis e sanseis de Assai foram trabalhar no Japão. O resultado foi uma mudança brusca e acentuada no perfil populacional do município: a cidade com fortes traços japoneses nas construções, quitandas, letreiros, hábitos e até nos sons, porque nas conversas de rua os nipo-brasileiros costumavam usar a língua japonesa para se comunicar, passou a conviver sem diferenças com sotaques e costumes diferentes.
A jornalista Micaela Orikasa tem um texto de crônica. É da nova safra de profissionais e se for estimulada a trabalhar este estilo terá sempre a sua produção lida. Essa é uma das provas de que texto grande não amedronta leitura. O que contribuiu com a fuga do leitor é o texto ruim, seja num espaço onde caberia apenas uma nota ou num espelho de meio de caderno.
A Gazeta do Povo traz na página 4 do primeiro caderno um reportagem que devia corar de vergonha os políticos paranaenses, sejam eles governadores, secretários estaduais, prefeitos, vereadores, assessores de alguma coisa ou subordinados de assessores de algum lugar. O título: PR é o que menos gastou com segurança na década.
Mais do que apenas reproduzir informações obtidas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a reportagem, assinada pela jornalista Katia Brembatti, vai além ao cruzar dados e concluir que o Paraná é o sexto pior na qualidade do investimento em segurança pública na década, atrás de Piauí, Maranhão, Ceará, Roraima e Amapá.
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