Nos tempos do paste-up, quando as tiras de texto eram impressas nas IBM Composer na largura das colunas e depois recortadas e coladas nas páginas, as matérias chegavam às mesas dos editores em laudas. Na verdade, folhas de papel jornal feitas com as sobras dos rolos utilizados na gráfica em formato mais ou menos ofício. Nem sempre o corte era alinhado.
Havia uma regra a ser criteriosamente obedecida. A primeira lauda, que servia como capa da matéria, era do título. Sim, o repórter era obrigado a entregar a matéria com a sugestão de título. As outras laudas, sempre numeradas, eram para o texto. E no meio cada foto com a sua respectiva lauda contendo a legenda. O conjunto de folhas era dobrado ao meio e colocado na mesa do copy-desk.
A função desse profissional era de verificar de gramática à estruturação do texto. O copy-desk às vezes fazia um exercício de colagem nas suas laudas: pegava o terceiro parágrafo e colocava no lugar do segundo, cortava o pezinho da matéria com régua e mandava aquela informação para o começo, rabiscava aqui, acrescentava lá e assim por diante.
Só depois o material era mandado para o editor, que lia, se preciso reformulava, às vezes mandava fazer de novo, outras refazia por conta. As matérias desciam para o pessoal das Composer e de lá, já no formato das colunas, desciam para a revisão, onde uma grande equipe tratava de conferir tudo novamente: digitação, gramática, concordância, caixa alta ou baixa, vírgula e etecetera.
Sim, todos os setores eram importantes. Mas ninguém daqueles tempos têm dúvidas sobre a importância de um revisor na redação dos impressos. Normalmente a função era exercida pelo pessoal dos cursos de letras da Universidade Estadual de Londrina. Gente criteriosa, que às vezes telefonava para a redação para trocar idéias inclusive sobre a clareza da informação. E mais do que ficar brabo com isso, o jornalista acabava agradecendo.
Um dia acharam que o custo-benefício do revisor era desequilibrado. Que o profissional da revisão pouco fazia. E o revisor foi um dos primeiros a ser excluído do jornal na medida em que o papel encarecia, a administração da empresa jornalística errava e os lucros diminuíram.
Na capa do caderno de Economia da Folha um erro de digitalização no título: “Industrização faz PIB de Ibiporã crescer 181%”. Isso mesmo: “Industrização”. Provavelemte os olhos cansados do editor, depois de ler dezenas de matérias, não perceberam. O erro é da empresa. Um revisor bem pago, pelo menos para revisar os títulos, não custa uma fortuna e garante muita qualidade.
Um comentário:
Mto bem-vindo este artigo. Está na hora de o profissional de revisão começar a ser mais valorizado...(felizmente, parece que já se deu a largada). Sei até mesmo de algum movimento em torno da profissionalização do "avaliador", aquele que 'avalia' provas de redação. Revisor, avaliador, papéis que inevitavelmte podem se confundir...não importa. Importa é o reconhecimento do profissional que atua nessas áreas tangentes: seja da correção, avaliação ou revisão de textos. VAMOS LUTAR PELA NOSSA CATEGORIA PROFISSIONAL!
Hedy Lamar
corretora, avaliadora, revisora e preparadora de textos. AMANTE DA LÍNGUA PORTUGUESA!
Postar um comentário