A ONG Repórteres Sem Fronteira acaba de divulgar o ranking dos países em relação à segurança pessoal dos profissionais de jornalismo, com base em pesquisa de 18 associações e 150 profissionais de imprensa de todo o mundo. O Brasil ocupa o 99º lugar na lista relativa à liberdade de imprensa no ano de 2011. Cabe ter em conta que essa ONG não leva em consideração as razões políticas que interferem no exercício do jornalismo. Como dissemos acima, o critério é a segurança de quem trabalha no setor.
Reportagem publicada por O Estado de S.Paulo (página A9, Nacional), assinada por Gabriel Manzano, lembra que no ano passado o Brasil registrou cinco mortes de profissionais do jornalismo, conforme dados da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Mas no ranking de Repórteres Sem Fronteira são consideradas apenas três mortes, pois em dois casos a ONG considerou insatisfatórias as evidências de que as vítimas tiveram as mortes causadas por razões profissionais.
O texto mostra ainda que o Brasil é o país do continente com a pior classificação. Em seguida aparece o Chile, em 83%. A Argentina, cujo governo instala um flagrante regime de controle da mídia através de benefícios aos apoiadores e boicotes legais aos opositores, ocupa contraditoriamente uma posição que caberia a um país sem manchas na relação com os meios de comunicação.
O texto de O Estado de S.Paulo menciona que a violência e a desproteção a jornalistas, principalmente no Norte e Nordeste do País, e a morte – em serviço – de três profissionais em 2011, fizeram o Brasil cair 41 posições de um ano a outro.
Diríamos que não é apenas isso. Ou melhor, que há outras formas de violência que interferem no bom desempenho do jornalismo. E sem exageramos incluímos a desobrigatoriedade do diploma ao lado da acirrada disputa editorial, que coloca pessoas inexperientes e descuidadas em missões complicadas.
A pressão das empresas de comunicação sobre os seus trabalhadores pode ser somada à pressão publicitária, que cala, obriga a omissões e, por fim, consente com situações absurdas de equívocos editoriais.
Dentre as pressões dos empregadores, uma das causas da insegurança do jornalista são os contratos mantidos nos recursos humanos que obrigam os jornalistas a jornadas estressantes com produções simultâneas para os impressos, as televisões, as emissoras de rádio e os portais de internet mantidos pelas grandes redes.
Esta situação brasileira não consta de nenhum levantamento feito por qualquer associação de imprensa, inclusive a ANJ.
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