quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Entre a luz de vela e o fechamento industrial

Entre a luz de vela e o fechamento industrial

O saudosismo em nada ajuda quando o assunto é a agilização permitida pela tecnologia. Mas é de fundamental importância quando se cai nas conversas sobre a queda da qualidade do jornalismo impresso.

Capa recente da Gazeta do Povo para comemorar a edição de número 30.000 mostrou que a produção jornalística era praticamente informação e conteúdo de texto no passado. As fotos, principalmente de fora, eram raridades. Nas produções locais os fotógrafos tinham respeitar limite de horário. Caso contrário não dava tempo para revelar os negativos e fazer as ampliações.

Se hoje o grande risco do sistema industrial é o apagão causado por causas diversas, inclusive o consumo mais elevado de energia elétrica no calor, antes uma chuva mais prolongada era capaz de deixar as redações por horas sem luz.

Os jornalistas improvisam com velas acesas sobre as escrivaninhas encardidas. A iluminação era suficiente para os dedões acharem as letras nos teclados das velhas máquinas datilográficas. O texto era escrito em laudas que nem sempre chegavam às redações no mesmo formato. Dependia muito das sobras dos rolos de papel jornal.

Caso a luz não retornasse até às 22 horas, esperava-se até às 23. Ou meia noite, uma da madrugada, duas, três e mais, se necessário. A falta de janta era compensada com pão e mortadela. E havia sempre o jornalista que aproveitava até os últimos minutos para enriquecer o conteúdo do seu texto: revisando, acrescentando e até refazendo todo o material.

Nada era acessível. Tudo que se produzia exigia esforço. E saia coisa boa. A princípio teria que se supor que a facilidade seria uma importante aliada da qualidade. Pois o chumbo derretido foi encostado e o off set abreviou tempo e melhorou a impressão.

A cor era usada com zelo. Nada de exageros, a não ser em publicações específicas. As fotos, digitalizadas, reduziram gastos e tempo de processamento após serem produzidas. E veio a diagramação eletrônica, com vinhetas de todos os lados.

Na sequência os infográficos e outros exageros que mais prejudicam do que facilitam a leitura. E os texto, além de ficarem pequenos, na maioria dos casos nada dizem. Apenas completam as páginas. Mudou muita coisa no jornalismo impresso!

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