segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

É hora de investir nos novos jornalistas

Triste e constrangido. Por ser do Norte do Paraná e não poder negar certo bairrismo inclusive em relação ao nosso jornalismo em comparação com o que sempre se praticou em Curitiba. Dizíamos quando estudantes e focos, nos primeiros anos do exercício profissional, que o jornalismo do Sul era chapa branca. E se não havia fundamento nessa acusação sobravam indícios e, consequentemente, suspeitas.

Íamos além. Dizíamos que todo jornalista de redação, na Capital, acumulava também um emprego de assessor de imprensa em órgão público. Pudera! Qualquer jornalista que começava na Folha de Londrina e ganhava cancha era muito bem recebido em mercados muito mais promissores, como o de São Paulo.

Mudou alguma coisa? Felizmente para o Paraná como um todo. Infelizmente para o Norte do Paraná. O jornalismo pé vermelho está em crise há alguns anos, mas parece chegar ao fundo do poço. O de lá, por um interessa ou outro, evoluiu. Sabemos que os avanços no Sul não foram promovidos de graça. Houve algum desvio de percurso, algum jogo cujo placar foi forçosamente alterado. Ou, quem sabe, adulterado.

Mas acontece que o jornalismo de lá está mais jornalismo do que o de cá, embora se reconhece o esforço da redação da Folha de Londrina para fazer do produto um jornal. É uma equipe de profissionais novos e sem a presença de gente experiente. Tenta-se o melhor, mas nem sempre os resultados aparecem.

De sábado até esta segunda-feira, dia 9 de janeiro de 2012, a Gazeta do Povo humilhou a concorrência nas três edições. Na edição de sábado, 7 de janeiro, o impresso curitibano trouxe na página 13, Vida Pública, uma reportagem sobre os supersalários no Congresso Nacional. Tem funcionário público que recebe R$ 26,7 mil por mês. O teor da matéria é de questionamento, cobrança e, enfim, denúncia de uma situação vergonhosa.

Na edição de domingo, a reportagem de destaque está na página 4, Vida e Cidadania. Com o título “Qualidade de vida – Indicadores sociais na contramão do crescimento econômico”, a matéria assinada por Anderson Gonçalves traça um paralelo entre a recente comemoração brasileira por ter se posicionada em pesquisa como a sexta economia do mundo, diante de uma sociedade cuja população tem muito a cobrar do Estado em qualidade de educação, saúde, habitação, trabalho e muito mais.

Na edição desta segunda-feira, duas reportagens são destaque: na página 19, de Economia, a matéria que dá manchete de capa da edição, cujo mote é: “Legislação – Parlamentares desconhecem regras de relação de consumo, mostra levantamento”. O título diz: “Nove em cada dez projetos de lei são inúteis para o consumidor”. A outra reportagem repercute levantamento da Paraná Pesquisas sobre eleições municipais. O título, na página 13, Vida Pública: “Saúde e segurança são os grandes problemas no interior do PR”.

Enquanto isso, no jornal do mesmo grupo que só circula em Londrina, cada jornalista faz a matéria que é de seu interesse. Quanto à Folha de Londrina, a empresa vai ter que ajudar os seus novos profissionais a ganharem tarimba. Está na hora de investir em qualidade, senhores! Vale à pena colocar dinheiro na formação desse moçada que é jovem, mas talentosa.

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