A Gazeta do Povo comemora a edição de número 30.000 com estilo. Diagramação, textos, títulos, fontes e demais recursos gráficos e editoriais da capa são inspirados na primeira edição do jornal, que circulou em 3 de fevereiro de 1919. É uma capa sem fotos. Uma única chamada é ilustrada. A cor também é dispensada.
Um texto publicado na edição de número 1 é reproduzido: “Não temos, pois, que attender a melindres pessoaes; não temos que attender a interesses particulares; o facto, uma vez que interessa à collectividade, é um dado positivo de sua vida; deve ser conhecido, divulgado, analysado, commentado, para que delle se possa retirar as utilidades que for capaz de produzir.”
Bonito! Muito bonito! E nem se questiona aqui se assim foi. Abrindo a Gazeta o leitor se depara, na cabeça de cada página, também com a arte gráfica e o conteúdo similar ao do passado do jornal. São textos analíticos, a maioria tratando da participação do jornalismo da Gazeta em fatos marcantes, reportagens sobre bolsões de pobreza e, enfim, o relato da situação atual.
Serve para confirmarmos que o jornalismo impresso do passado era texto. Também para mostrar que, atualmente, os recursos gráficos utilizados aos exageros e as cores mal usadas mais atrapalham do que facilitam a leitura. O jornalismo impresso de antes era a força da informação e da opinião datilografadas, se preciso à luz de vela quando as redações ficavam no escuro por falta de energia elétrica.
E havia muito texto com informações em cada linha. Sem nariz de cera, porque os editores eram rigorosos. Sem desenhos aqui e aqui com números. Sem fotos despropositais. Havia preocupação com o texto.
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