terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Jornais e jornaleiros de agora e do passado

Os gritos dos jornaleiros nas ruas de Londrina anunciando as eventuais edições extras eram tão fortes quanto a expressividade do que o jornal trazia em suas páginas. Da mesma forma, alguns desses jornaleiros aproveitavam as manchetes das tiragens normais para atrair a atenção dos leitores.

Ironia! Isso significa que alguns vendedores de jornais do passado sabiam muito mais de manchetes do que determinados editores de hoje em dia. E não adiante entrar com outra tese, do tipo: é que ninguém mais se interessa por jornal impresso. Isso é desculpa esfarrapada. A verdade é que ninguém compra jornal sem conteúdo.

Lembramos que neste dia 4 de janeiro o jornal O Estado de S.Paulo comemora aniversário de fundação. Mas não é do jornal propriamente dito que queremos nos manifestar, embora algumas informações básicas sejam indispensáveis.

Por exemplo: quando fundado, em 1875, o Estadão chamava-se A Província de São Paulo. Seus proprietários eram republicanos e, portanto, a cara do jornal era republicana. Já o que interessa para o nosso contexto: foi o pioneiro em vendas avulsas.

Informações socializadas pelo próprio jornal em sites da internet contam que um imigrante francês chamado Bernard Gregoire saia às ruas montado num cavalo. Para chamar a atenção das pessoas sobre o produto que estava vendendo, o cavaleiro tocava uma corneta.

Em Londrina, os jornaleiros também fizeram sua história. Quando a pressão do fechamento das edições diárias era menor e as redações tinham mais tempo para priorizar o conteúdo, eram eles, os jornaleiros, que na porta do jornal tentavam apressar os jornalistas. A pressa não era pela necessidade de voltar cedo para casa. Os jornaleiros queriam ser os primeiros a encontrar pelas ruas os leitores afoitos por notícias.

A oficina da Folha de Londrina, por exemplo, funcionava no subsolo da redação. A porta principal da redação, na Rua Piauí, era o local onde os jornaleiros se concentravam para esperar o produto ainda quente, saído do forno que era o parque gráfico. Era comum, em dias de atraso, alguns jornaleiros mais conhecido telefonarem da recepção à redação para perguntar o motivo da demora.

Esse trabalhador, agora tão raro, comemora sua data em 30 de setembro. Ás vezes eles fazem hoje em dia estripulias nas tardes de sábado tentando vender exemplares nos semáforos. Mas, infelizmente, nem estímulo para isso os jornaleiros têm. Porque eles próprios já sabem que estão vendendo um jornal grosso de muitos cadernos de classificados. O restinho é de matérias frias. Algumas delas tanto faz ler ou passar por cima.

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