quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Com muita discrição, mas sem nenhuma vergonha


Sem grandes eventos comemorativos e nenhum baile. Sem alarde e nenhuma nota nas colunas sociais. Sem vergonha, mas com discrição.

Na surdina, esgueirando-se pelos bastidores e provando os sabores das influências os jornais Chapa Branca comemoram neste mês de setembro 203 anos de existência no Brasil.

Os Chapa Branca são as publicações que nos mais de dois séculos de vida jamais enfrentaram a tesoura da censura mesmo nos períodos mais difíceis da história do País, pois seus proprietários sempre se perfilaram ao lado da Corte, no Brasil Império, e do poder constituído nos demais períodos, inclusive o de agora.

Tampouco tiveram a necessidade de investir em um profissionalizado departamento de venda de anúncios e de assinatura. Seus próprios donos é que negociam nos gabinetes de diferentes esferas, das câmaras municipais às prefeituras, nas assembléias legislativas, no executivo estadual, no Congresso Nacional e nos palácios presidenciais.

O primeiro Chapa Branca da história do Brasil surgiu no dia 10 de setembro do ano de 1808. Cabe lembrar que anos antes a Coroa Portuguesa proibiu as tipografias na Colônia. No dia 10 de maio de 1747, por ordem de Dom João V, foi feito o seqüestro de todas as letras de imprensa que se encontrassem no Brasil.

Por isso em junho de 1808 o primeiro jornal de oposição à Corte, o Correio Braziliense, foi editado e impresso em Londres por Hipólito da Costa. A publicação durou 14 anos. Hipólito da Costa, que estava exilado, fazia praticamente sozinho uma publicação de até 150 páginas.

Com idéias liberais como o fim da escravidão e cobrindo inclusive eventos como a Revolução Pernambucana de 1817 e os acontecimentos de 1821 e de 1822 que originaram a Independência do Brasil, o Correio Braziliense era enviado clandestinamento ao Brasil.

Para fazer oposição ao jornal de Hipólito, a Coroa Portuguesa, ainda no Rio de Janeiro, patrocinou o Investigador Portuguez, em Londres, com a intenção de enfraquecer as idéias propagadas pelo Correio Braziliense. E menos de três depois criou a Gazeta do Rio de Janeiro. um jornal oficial dedicado aos comunicados de governo e aos louvores à família real.

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