domingo, 4 de setembro de 2011

Imprensa marrom e os raios que os partam

A tecla é batida, mas exige manuseios constantes. Retomamos a discussão dos pequenos jornais montados em localidades onde imagina-se, a publicação tem força e influência política.
A primeira questão a ser tratada é sobre as denominações dadas a estes jornais. No passado, quando a ditadura militar implantada no Brasil em 1964 detinha o controle das publicações através da censura, chamávamos com certo carinho os pequenos jornais de esquerda de nanicos.

Sim, nanicos. Uma referência cuja causa confundia. Nanicos porque seus formatos e as suas quantidade de páginas eram reduzidos? Nanicos porque suas linhas editoriais eram dirigidas e não tinham o propósito de um jornalismo variado? Nada disso. Nanicos porque não eram convencionais. Nanicos porque mesmo pequenos incomodavam.

Muito diferente da chamada imprensa marrom. E quando voltamos a falar dos pequenos jornais de municípios menores estamos falando justamente dos marrons, que também podemos classificar de jornais chapa branca, numa referência já fora de moda aos veículos oficiais.

Os chapa branca surgem no mercado editorial dessas localidades menores já definidos. São concebidos como tais e sua razão de existir é o atrelamento com algum tipo de poder. Aliás, a sua existência é exclusivamente o poder.

O jornal chapa branca não tem coração que pulsa de acordo com os acontecimento de uma sociedade. O jornal chapa branca tem uma válvula cuja energia impulsionadora é o cofre público. Existe, por isso, uma preocupação mínima com os parceiros comercias. Normalmente o jornal chapa branca loteia os espaços de anúncios a preços irrisórios, pois o dinheiro que entra dessa comercialização é apenas para as despesas com o café e os produtos de limpeza. O grosso vem dos cofres públicos.

O dono do jornal chapa branca pensa que o seu jornal é muito lido. Imagine: ele diz que roda a cada edição cinco mil exemplares, mas na verdade contratou impressão de apenas mil. Quem é que vai checar isso? Ninguém. Contrata um entregador que deixa quatrocentos jornais na prefeitura, outros duzentos na câmara, cem no fórum, cem na delegacia e o resto em alguns botecos. Pronto, tudo esgotado.

Na verdade, ninguém leu e o jornal passou em branco. Quem pagou acha que a publicação cumpriu o seu objetivo. Quem recebeu (o dono do jornal) conhece o esquema. Tem certeza que mais uma vez ganhou na moleza. Sem risco de ser cobrado, começa a preparara mais uma edição, com matérias chupadas, erros de concordância, enfoques equivocados e outras aberrações. Um ou outro leitor bate os olhos e se comenta: “Vai ser puxa-saco assim no raio que o parta”.

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